Entre 1970 e 2019, 79% dos desastres, em todo o mundo, envolveram riscos relacionados com o clima e com a água. Este é um dos principais alertas do relatório Estado dos Serviços Climáticos 2020: Mudança de Avisos Antecipados para Ação Antecipada, desenvolvido pela ONU – Organização das Nações Unidas e divulgado pela Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas – OMM.
Este estudo concluiu, ainda, que os eventos climáticos e meteorológicos extremos aumentaram de intensidade, frequência e gravidade com o aumento das alterações climáticas.
Segundo os investigadores, os 79% dos desastres, ocorridos um pouco por todo o mundo, foram responsáveis por 56% das mortes e 75% das perdas económicas, durante este período. Desta forma, a vida humana, os ecossistemas e a economia continuam a ser, progressivamente, alvo de ameaça devido ao aumento da temperatura, pelo que a investigação apela à necessidade de investir em sistemas eficazes de avisos antecipados.
INSTRUMENTOS PARA AGIR DE FORMA ANTECIPADA ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
De forma a mitigar os riscos associados, os investigadores promovem um sistema de alerta precoce de perigo, denominado por Sistema de Aviso Prévio de Riscos Múltiplos – MHEWS. Esta metodologia assenta em cinco componentes de orientação de boas práticas da OMM.
Esta filosofia de antecipação baseia-se no conhecimento do risco de desastres, incluindo perigo, exposição e vulnerabilidade, na deteção, monitorização e previsão dos perigos, na divulgação e comunicação de avisos, na preparação de resposta imediata e na monitorização e avaliação dos resultados.
Petteri Taalas, Secretário Geral da OMM, refere que “os sistemas de alerta precoce constituem um pré-requisito para a redução eficaz do risco de desastres e adaptação às mudanças climáticas. Estar preparado e ser capaz de reagir na hora e no lugar certo pode salvar muitas vidas e proteger os meios de subsistência das comunidades em todo o lado.” Salientando, “é crucial lembrar que as alterações climáticas vão continuar a representar uma ameaça contínua e crescente para as vidas humanas, os ecossistemas, a economia e a sociedade nos séculos vindouros.”
PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO SÃO OS MAIS AFETADOS
Até 2030, as estimativas de desastres relacionadas com o clima e com a água apontam para um aumento de quase 50%, segundo a OMM. Estes dados relevam uma necessidade de investir nos países mais afetados, mais propriamente nos países em desenvolvimento, tornando-se urgente investir em sistemas de alerta precoce em locais como África e pequenos Estados insulares em desenvolvimento.
Para dar resposta a estes desafios, a OMM salienta, em primeiro lugar, a importância de concentrar o investimento na transformação de informações de alerta precoce em ação antecipada. Em segundo, investir nas lacunas de capacidade dos sistemas de alerta precoce. Em terceiro, garantir o financiamento sustentável do sistema de observação global que sustenta os alertas precoces. Em quarto, destaca o acompanhamento dos fluxos financeiros para melhorar a compreensão e o seu respetivo impacto. Em quinto lugar, evidencia a relevância da consistência na monitorização e avaliação dos sistemas de alerta precoce. Por último, sublinha a relevância de preencher lacunas de dados, especialmente em pequenos Estados insulares em desenvolvimento.
O estudo Estado dos Serviços Climáticos 2020: Mudança de Avisos Antecipados para Ação Antecipada realça, assim, a necessidade de se agir de forma imediata na luta contra as alterações climáticas. É imperativo investir em metodologias eficazes , capazes e contínuas que preservem e protejam o meio ambiente das agressividades, muitas vezes, provocadas pelo Homem.