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Quais os maiores desafios ambientais para 2022? Conheça a opinião de especialistas!

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2020 e 2021 foram, sem dúvida, anos desafiantes que colocaram à prova a resiliência de todos. E as questões ambientais não puderam ficar de parte. Neste sentido, a Essência do Ambiente quis juntar a opinião de algumas entidades do setor ambiental sobre a necessidade urgente de serem tomadas medidas coletivas no sentido de alcançarmos os desafios da Agenda 2030.

Desta forma, quisemos perceber os maiores desafios que as empresas enfrentam para dar resposta a uma verdadeira transição sustentável, em 2022, os maiores desafios da Educação Ambiental e também fomos à procura de resposta sobre o que é preciso para uma empresa ser verde.

OS MAIORES DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA 2022

Atualmente, os desafios ambientais que enfrentamos não deixam ninguém indiferente, sendo urgente medidas concretas de Educação Ambiental para travar as diversas problemáticas, em 2022.  

Para Fernando Leite, Administrador-Delegado da Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, a Educação Ambiental tem de ocupar um papel primordial, permanente e transversal a todas as faixas etárias da sociedade. Desta forma, o mesmo salienta que se espera que “desde autoridades públicas a empresas, vejam na Educação Ambiental o veículo apropriado para disseminar informação correta sobre comportamentos de cidadania, de boas práticas, de luta contra os ataques à natureza, de denúncia do “greenwashing””. Reforçando que para a Educação Ambiental ganhar “notoriedade, terá de ser criativa, talvez provocatória, utilizar os canais de comunicação que são usados pelos cidadãos de hoje e estar permanentemente na “Agenda”, ou dito de outro modo “educar sempre”.”

A entidade, desde sempre, tem demonstrado particular preocupação com a Educação Ambiental dando-lhe uma grande relevância. Assim, a Unidade de Formação e Educação Ambiental prepara e dinamiza vários projetos pensados e adequados a cada nível etário, tendo como objetivos prioritários a informação, sensibilização e formação na temática ambiental, particularmente na área dos resíduos. Por isso, a cada 2 anos a Lipor apresenta o Plano de Educação Ambiental, no qual constam atividades dirigidas aos cidadãos e às partes interessadas como Instituições de Ensino, por exemplo, facilitando a aquisição de competências promotoras de maior intervenção cívica, tornando a sociedade capaz de alimentar o crescimento e consolidação de processos ambientalmente responsáveis e sustentáveis. Exemplos disso, são ações com o objetivo de incrementar temas como a Prevenção da Produção de Resíduos, a Política dos 3 R’s e a Separação dos Resíduos, visitas de estudo às instalações, campanhas de sensibilização em eventos públicos, concursos, entre outras.

Já o Electrão – Associação de Gestão de Resíduos, enquanto entidade gestora de três dos principais sistemas de recolha e reciclagem de resíduos: embalagens, pilhas e equipamentos elétricos usados, tem responsabilidades acrescidas nestas áreas, acrescenta Pedro Nazareth, Diretor Geral do Electrão.

A principal missão da entidade é assegurar a reciclagem dos resíduos recolhidos, contribuindo para a minimização do impacto ambiental e para um reaproveitamento dos materiais de acordo com os princípios da economia circular. Desta forma, em 2022 a entidade pretende continuar a incentivar hábitos que contribuam para modos de vida mais sustentáveis. Pedro Nazareth não deixa de realçar que “é esta filosofia que guia todas as nossas ações de sensibilização, comunicação e educação que se traduzem em inúmeras campanhas que desenvolvemos e que se estendem a múltiplos públicos.”

O mesmo revela que para o setor dos resíduos “a urgência ambiental que vivemos já não se compadece apenas com o R de reciclagem e esse é um grande desafio que temos pela frente. É preciso desdobrar esse R quantas vezes forem necessárias: R de Reduzir o consumo, de Repensar comportamentos, de Recusar aquilo de que não necessitamos, de Reutilizar sempre que possível.”

“As gerações futuras têm o direito de desfrutar deste planeta, em modo habitável, tal como o conhecemos”, foi com esta a mensagem que o Diretor Geral do Electrão quis rematar a sua opinião no que diz respeito aos maiores desafios da Educação Ambiental para 2022.

A Sociedade Ponto Verde (SPV) realça que o cumprimento das ambiciosas metas, de chegar a 65% de reciclagem de todas as embalagens colocadas no mercado até 2025, com as quais Portugal está comprometido, impõem grandes desafios para a Educação Ambiental já no próximo ano. Ana Isabel Trigo Morais, CEO da SPV, destaca que “mobilizar as camadas mais jovens, promovendo hábitos de reciclagem desde muito cedo, que se prolonguem ao longo da vida, continuará, por isso, a ser de grande relevância para a Educação Ambiental.”

Para a entidade, é necessário sensibilizar além dos jovens, também, todos os cidadãos para a importância da reciclagem, através de uma comunicação de proximidade.

De acordo com a mesma é extremamente importante sensibilizar desde logo os portugueses que ainda não reciclam. “Sensibilizar estes cidadãos para a importância da reciclagem, através de uma comunicação de proximidade que ganha, cada vez mais, relevo. Por outro lado, é importante investir no aumento da disponibilização de serviços de conveniência para a recolha de resíduos, como o sistema porta a porta. Para os que já reciclam é preciso continuar a informar, a esclarecer dúvidas, equívocos e desfazer mitos, sempre numa relação de transparência com o consumidor. “

De acordo com Joaquim Ramos Pinto, Presidente da Direção Nacional da ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiente, a “Educação Ambiental é extremamente necessária, pelo contexto atual que atravessamos, devido à pandemia da COVID-19, mas, também, pela crise ambiental e emergência climática que enfrentamos”.  Acrescentando, “precisamos considerar e falar nas gerações presentes, temos de concertar a responsabilidade individual com os compromissos coletivos para trabalhar e atuar com as gerações presentes. Daí, também, o papel importante das redes e dos grupos da sociedade civil organizados, dos educadores ambientais, da comunidade docente e científica, dos técnicos de municípios que trabalham em Educação Ambiental.”

“A perda biodiversidade mundial e a crise climática passam por uma resposta individual e com relevância para as políticas locais; a informação e formação conducente a atitudes e comportamento ambientalmente responsáveis é um dos fatores mais relevantes; os recursos informativos e educativos devem ser colocados à disposição importando, assim, estimular a sociedade ao seu acesso e uso; as políticas locais, nacionais e europeias devem ser capazes de implementar as soluções necessárias para tratar as crises que vivemos. Formar cidadãos ativos, sensíveis, conscientes, detentores de capacidade crítica é, assim, o caminho que urge percorrer”, acrescenta Joaquim Ramos Pinto.

Sendo que para a ASPEA é extremamente importante a implementação de mudanças fundamentais nos valores, paradigmas e modos de vida, suportados por políticas de Educação Ambiental e participação social de proximidade com os cidadãos, reconhecendo o potencial educativo dos processos participativos nas políticas locais. 

“Já não se trata de trabalharmos para as gerações vindouras, mas da urgência de deixarmos as palavras e passarmos à ação política trabalhando com e para as gerações do presente. É importante trazermos os jovens, trazermos as gerações do presente para o debate e para a construção de políticas públicas que, sendo implementadas no presente, precisam ser apropriadas por quem irá ter de as implementar com as gerações futuras”. Foi esta a grande conclusão de Joaquim Ramos Pinto a esta questão sobre os desafios da Educação Ambiental.

DESAFIOS PARA UMA VERDADEIRA TRANSIÇÃO SUSTENTÁVEL EM 2022

Quando desafiado a refletir sobre o que é preciso para uma empresa ser verde, Aires Pereira, Presidente da Direção da Associação Smart Waste Portugal, revelou que uma empresa dita “ “verde” é aquela que se rege pelos princípios da sustentabilidade nos seus três pilares (complementares e indissociáveis), que são a preocupação ambiental, social e económica.”

O Presidente da Smart Waste Portugal destaca que apesar de serem necessários investimentos iniciais em relação a tecnologia e a equipamentos para uma gestão sustentável isso “acaba por, a longo prazo, permitir a criação de valor, ao passo que cria igualmente benefícios sociais e ambientais para todos os stakeholders.”

Relativamente aos maiores desafios que as empresas enfrentam para dar resposta a uma verdadeira transição sustentável, Aires Pereira vai mais além e reflete sobre os recursos existentes do planeta. “A economia global está a usar cerca de 1,6 planetas de recursos para satisfazer as atuais exigências de produção e consumo. A este ritmo serão necessários quase 3 planetas em 2050.” Destaca, também, que existem muitos riscos ambientais associados ao modelo atual de produção e consumo, “que se caracteriza por um modelo linear (extração – produção – transformação – consumo – deposição). “

O mesmo destaca que está a começar a “haver uma grande perda de biodiversidade, grande produção de Gases com Efeito de Estufa (GEE), problemas relacionados com a escassez da água e a qualidade da mesma, o esgotamento de recursos e a produção excessiva de resíduos.” Neste sentido, Aires Pereira, salienta que “as atuais tendências de aumento populacional, crescimento da procura e consequente pressão nos recursos naturais têm vindo a sublinhar a necessidade de as sociedades modernas avançarem para um paradigma mais sustentável e mais circular”.

Desta forma, para Aires Pereira é necessário o redesenho de processos, produtos e novos modelos de negócio até à otimização da utilização de recursos, desenvolvendo novos produtos e serviços que sejam economicamente viáveis e ecologicamente eficientes. É, assim, urgente “pensar nas soluções, e concluir com o que achamos que é necessário, deixando três palavras-chave: educação, inovação e colaboração”, acrescenta.

Podemos verificar que todas as opiniões são unânimes sobre o papel da Educação Ambiental e os desafios para uma verdadeira transição sustentável, em 2022.

A Educação Ambiental traz consigo uma ferramenta crucial para as crises ambientais e inúmeras vantagens competitivas, acrescentando valor a longo prazo.

Contudo, para este caminho ser sustentável é necessária uma colaboração conjunta com stakeholders da cadeia de valor, associações, entidades públicas e consumidores. A ideia que todos quiseram passar para este ano de 2022 foi muito simples: é primordial uma transição para uma economia circular, de forma a trazer benefícios para o ambiente, mantendo sempre a ideia de que se deve utilizar menos recursos, fazendo da produção mais consciente e responsável.