O multipremiado documentário “A Alma de um Ciclista”, realizado por Nuno Tavares, serviu de mote para um debate que levou ao espaço da Casa do Meio-Dia, em Loulé, o tema da mobilidade ciclável e a sua importância no contexto da mitigação dos efeitos das alterações climáticas e de hábitos de vida saudáveis.
Através de um grupo de ciclistas “clássicos” e do seu interesse comum pela bicicleta clássica, a película faz-nos descobrir valores que se vão perdendo na sociedade moderna, como a importância da amizade, da ecologia, da valorização do antigo, da rejeição ao consumismo, da aposta na economia circular e, de outras premissas importantes para atingir uma vida mais feliz, mais simples e mais preenchida com o que realmente importa.
Tranquilidade, calma, contemplação, descoberta, aventura, partilha são alguns dos estados de espírito retratados através das “personagens”, cidadãos comuns que se apaixonaram por este modo de vida, como é o caso de Artur Lourenço, o mentor do passeio de cicloturismo “A Clássica”.
MOBILIDADE SUSTENTÁVEL EM LOULÉ
Deste mundo do “ciclismo romântico” partiu-se para uma conversa sobre o que tem sido a integração da aposta na promoção do uso da bicicleta nas políticas municipais em Loulé. O ensino tem sido um dos principais eixos deste trabalho, daí que tenham sido convidados três professores de Educação Física que têm estado à frente de projetos como o “Desporto Escolar sobre Rodas”, de âmbito nacional, promovido pelo Ministério da Educação, ou “A Bicicleta vai à Escola” , iniciativa municipal cofinanciada pelo programa europeu “Healthy Cities”.
Introduzir noções básicas e ensinar as crianças a andar de bicicleta, incutindo-lhes também este gosto, tem sido uma tarefa a que se têm dedicado os professores Isabel Guerreiro (Escola EB1 da Fonte Santa, Quarteira), Eduardo Fernandes (Escola EB2,3 António de Sousa Agostinho, Almancil) e Carlos Jara (Escola EB2,3 Padre Cabanita). Contudo, apesar de ser alta a aceitação dos alunos, e de muitos alunos já saberem andar de bicicleta, a verdade é que para lá das fronteiras da escola as coisas são diferentes, até porque há receio por parte dos pais no que toca à segurança dos ciclistas nas estradas
Um problema cultural, de mentalidade, dificulta essa coabitação entre automobilistas, ciclistas e peões, como referiu o vereador Carlos Carmo, que esteve à frente de projetos que, desde 2016, dotaram com bicicletas, respetivos parqueamentos e oficinas de reparação/manutenção todas as escolas EB 2,3, secundárias e profissionais do concelho. “É com os miúdos que temos a capacidade de mudar e de educar para a valorização da bicicleta como meio de mobilidade, promotor de um estilo de vida saudável, reeducando-os para a importância dessa coabitação e dessa segurança”, considerou.
O vereador foi claro: “Em termos de mobilidade suave acertámos! Contudo falta contribuir para mudar o ship no que se refere à segurança. Numa escola de condução ensinam-nos a conduzir mas não ensinam a coabitarmos com outro tipo de mobilidade”, explicou.
“Não podemos comprar a felicidade mas podemos comprar uma bicicleta, que é quase a mesma coisa”, disse um dos professores no encerramento de mais um evento que fez parte da Semana do Clima em Loulé.
Sem dúvida, iniciativas essenciais que ajudam a promover hábitos de vida saudáveis e, ao mesmo tempo, a reduzir a pegada ecológica.