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NUTRIR fortalece viticultura e revitaliza o conhecimento tradicional do Alto Minho

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Investigadores, pensadores e decisores de diversas origens e competências reuniram-se no passado dia 14 de junho, nas Termas do Peso, em Melgaço, para refletir os três anos de trabalho intenso e de investigação, focados na inovação e no desenvolvimento sustentável do território do Alto Minho. A Conferência ‘Nutrir Território’, organizada pelo Núcleo Tecnológico para a Sustentabilidade Agroalimentar do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, partilhou alguns dos resultados obtidos e traçou caminhos futuros para a região.

O NUTRIR definiu três áreas prioritárias de intervenção: Território, Viticultura e Recursos Animais e, ao longo de três anos, em conjunto com diversos agentes do território, estudou, valorizou e caracterizou recursos importantes para a dinâmica do conhecimento e do valor da região.

O projeto explorou uma abordagem centrada nos ativos e recursos locais de modo a transformar os desafios em oportunidades, promover o desenvolvimento sustentável e criar negócios inovadores no setor agroalimentar.

A Conferência iniciou com a intervenção de Manoel Batista, Presidente da Câmara Municipal de Melgaço: “Hoje celebramos a ousadia e a resiliência de trazer, para um território como o nosso, um projeto que tem sido alavancado a partir deste território para todo o território do Alto Minho. Celebramos essa capacidade de construir projetos de grande qualidade e este dia é com certeza para entregar trabalho feito, mas é também um momento para celebrar e colocar em cima da mesa todas as fichas em relação ao futuro e a necessidade de continuar a crescer, a ousar e a sonhar.”

A sessão de abertura, contou ainda com Nuno Vieira e Brito, Coordenador do NUTRIR, que destacou a importância do projeto responsável pela criação de valor no território “numa perspetiva de inovação é importante olhar o território e ver as suas potencialidades. Há várias oportunidades que ainda não estão suficientemente exploradas e que podem ser otimizadas para negócios, por isso, é que de alguma forma definimos três grandes setores. Definimos um setor ligado à área da paisagem e do território, um outro setor ligado à viticultura e definimos um terceiro ligado à produção animal.” Nuno Vieira e Brito salientou ainda que “uma das grandes conquistas do projeto NUTRIR foi a atração e fixação de recursos humanos altamente qualificados em Melgaço, contribuindo para combater o despovoamento e o envelhecimento populacional da região. Começamos com três doutorados e agora temos cerca de seis pessoas a trabalhar connosco, com a possibilidade de abrir mais duas oportunidades de emprego científico.”

IDENTIFICAÇÃO DE CASCAS AUTÓCTONES E MINORITÁRIAS NA SUB-REGIÃO VITÍCOLA DE MONÇÃO-MELGAÇO

O NUTRIR, Núcleo Tecnológico para a Sustentabilidade Agroalimentar do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, é um projeto de produção e transferência de conhecimento na área do agroalimentar, que se preocupa com o desenvolvimento do território do Alto Minho, região de enorme riqueza e diversidade paisagística, mas carente de mais inovação, em particular no setor primário. Prova disso, são alguns resultados que o projeto pretende atingir.

No âmbito da viticultura, está a ser feito um levantamento geolocalizado das castas autóctones e minoritárias em parcelas com vinhas antigas na sub-região vitícola de Monção-Melgaço, visando a replicação e a valorização destas cascas. Este esforço pretende reduzir a perda de património genético e avaliar a resiliência destas cascas às alterações climáticas.

Ao nível de recursos botânicos foram realizados estudos que revelaram propriedades antioxidantes de várias plantas autóctones, indicando um potencial uso na farmacêutica e nutracêutica, tanto para a saúde humana como para medicação veterinária. Além disso, essas plantas também podem ser usadas como corantes têxteis, temática ainda em análise.

O projeto contribuiu, também, para a obtenção da certificação ETG (Especialidade Tradicional Garantida) do arroz de sarrabulho de Ponte de Lima, um passo importante para a valorização deste produto tradicional.

Outro ponto relevante foi a recuperação da produção de fumeiro na região, valorizando tradições e impulsionando a economia local. “Estamos a trabalhar na criação de um curso de formação para revitalizar a cultura do fumeiro”, explicou Nuno Vieira e Brito.

Num estudo desenvolvido sobre a presença de salmonela em ovos de galinhas autóctones de Portugal, foi revelado que em nenhuma das explorações avaliadas apresentou a bactéria, destacando a segurança e a qualidade destes produtos.

Fundamentados sobre o trabalho prévio sobre a aplicabilidade farmacêutica da camarinha, um arbusto dunar (dunas), de forte interesse comercial, estão a ser feitas avaliações sobre a possibilidade de cultivo agronómico e o aproveitamento dos resíduos da poda da planta para uso farmacêutico e nutracêutico, contribuindo para a redução de biomassa, dando uma nova vida a esses subprodutos.

A conferência encerrou com uma sessão de Alvarinho de Honra, simbolizando a riqueza e a tradição vitivinícola do Alto Minho. O evento não só celebrou os avanços alcançados pelo projeto NUTRIR, mas também estabeleceu um compromisso contínuo com a inovação e o desenvolvimento sustentável da região.

O projeto ‘NUTRIR’ continuará a desenvolver novas estratégias e a promover a transferência de conhecimento, visando a criação de mais oportunidades de negócio e a melhoria das condições de vida nas comunidades rurais do Alto Minho.