Num mundo cada vez mais marcado pela urgência climática e pelo desgaste dos modelos tradicionais de vida urbana e consumo, uma iniciativa inovadora no Alentejo está a conquistar a atenção de jovens, empreendedores e defensores da sustentabilidade em toda a Europa. Chama-se Traditional Dream Factory (TDF) e está a nascer na pequena aldeia de Abela, no concelho de Santiago do Cacém, Alentejo.
O projeto, sem fins lucrativos, está sediado num antigo complexo de criação avícola agora transformado num vibrante espaço de coliving, coworking e regeneração ecológica. A TDF é a primeira comunidade do movimento global OASA Network, que visa criar uma rede de aldeias regenerativas descentralizadas. À frente do projeto está Samuel Delesque, empreendedor tecnológico e fundador da iniciativa, acompanhado por uma equipa multidisciplinar de mais de 60 membros.
“Estamos a criar um local onde as pessoas podem viver, trabalhar e crescer em conjunto, ao mesmo tempo que cuidam do ambiente”, afirma Delesque.
Natureza, tecnologia e comunidade
O espaço já acolhe entre 15 a 25 pessoas em alojamentos glamping, caravanas e estruturas modulares, com capacidade para até 100 participantes em eventos. Há um café, sauna, zonas de eventos, espaços de criação e uma programação regular de workshops. Já foram investidos mais de 1 milhão de euros com o apoio de membros e amigos da comunidade, e uma nova ronda de 800 mil euros está prevista para financiar a expansão.
A TDF combina inovação ecológica e tecnológica: já plantou mais de 4.000 árvores, implementou sistemas de retenção de água, está a desenvolver pomares, hortas, lagos e uma quinta de cogumelos. A infraestrutura essencial já está em funcionamento, com Internet fiável para trabalhadores remotos e espaços colaborativos para artistas e empreendedores.
“Através dos nossos valores comuns de regeneração, tanto ecológicos como pessoais, criamos um sentimento de pertença e uma sensação de lar para quem nos visita”, destaca Luna Mangan, anfitriã da TDF.
Além da infraestrutura física, a TDF diferencia-se por um modelo descentralizado de governação: é gerida como uma Organização Autónoma Descentralizada (DAO). As decisões são tomadas coletivamente e sustentadas por um token digital próprio, o TDF, desenvolvido na blockchain Celo.