No dia em que se assinalou o Dia Mundial do Ambiente e o 3º aniversário do blog Essência do Ambiente, 5 de junho, foram conhecidos os vencedores dos Prémios Essência do Ambiente. A cerimónia decorreu de forma intimista no Centro de Educação Ambiental da Quinta do Passal, em Gondomar.
- Categoria Boas Práticas – “Reutilização de Águas Residuais Tratadas em Contexto Escolar”, Câmara Municipal de Loulé
- Categoria Educação Ambiental – “Roupas Usadas não estão acabadas”, Sarah Trading
- Categoria Sensibilização Ambiental – “Desafio da Água – Poupança sem Fronteiras”, da Águas do Algarve
- Categoria Responsabilidade Social e Ambiental – “Marita Moreno Sustainable Concept Store”, Marita Moreno
- Categoria Investigação – “Greenfishing Port”, UCMar, da Universidade de Coimbra
Os Prémios Essência do Ambiente, promovidos pelo Departamento de Comunicação e Educação Ambiental da Essência – Comunicação Completa, pretendem mostrar que Portugal está no caminho de uma Economia Circular e Sustentável, destacando junto da sociedade civil projetos de elevado mérito. A iniciativa contou com a parceria da Pro.Comunicação, do Porto Canal e do Município de Gondomar. A mesma vai ser transmitida no Porto Canal, no dia 11 de junho, pelas 18h.
MERCADO VOLUNTÁRIO DO CARBONO EM PORTUGAL:
UMA OPORTUNIDADE ÚNICA!
Durante o evento foi, ainda, possível assistir a um debate sobre o “Mercado Voluntário do Carbono em Portugal: o impacto social, económico e ambiental”, cujo painel contou com as intervenções de Isabel Soares, Full Professor/EMERITUS Professor da Universidade do Porto, Horácio Reis e Rita Brandão, da Omnitalentum – Energia e Ambiente.
Iniciando com a reflexão se faz sentido um Mercado Voluntário de Carbono em Portugal, Isabel Soares reforça que “não só faz sentido, como devia estar cá há muito tempo”. Porque “o que está em causa é algo fundamental. Os projetos prioritários são projetos da floresta. Assim, com este objetivo do sequestro de carbono nós vamos conseguir atingir muitos outros objetivos também: vamos ordenar o território, valorizar a floresta e criar riqueza. Esta é uma oportunidade única”.
Considerando a “metodologia de avaliação de comprovação fundamental para o sucesso deste mercado”, Isabel Soares salientou a necessidade da Agência Portuguesa do Ambiente apostar em “técnicos com experiência e que ouçam as experiências internacionais para ser possível fazer afinações no sistema. A metodologia de avaliação internacional e os algoritmos de medição têm evoluído muito a nível internacional, mas é preciso sempre fazer afinações de país para país”.
Opinião partilhada por Horácio Reis que considera que “Portugal tem uma oportunidade que não deve ser desperdiçada e que é a tecnologia e o algoritmo que vão dar uma segurança metodológica que garanta a reputação dos seus intervenientes.” Mas para que esta seja uma realidade é fundamental “pôr as universidades de acordo. Criar um comité de ciência que faça com que o algoritmo seja aceite por todos e aplicado de forma coerente”.
Na sua intervenção Rita Brandão deixou o alerta que “há muitos desafios que têm de ser ultrapassados. Cerca de 90% destes territórios são privados e saber quem são os proprietários é um desafio enorme. Mesmo que se consiga identificar que são, depois é necessário que as pessoas percebam que aderir a este mercado é um passo positivo”. Mas se bem implementado será algo muito positivo. “O interior é muito subdesenvolvido e negligenciado e o Mercado Voluntário de Carbono vai gerar um grande impacto nas comunidades”.
“No entanto, não nos podemos esquecer que se trata de um mercado acima de tudo reputacional e para emissões residuais. As empresas têm de implementar ações dentro da sua própria cadeia de valor para mitigar as emissões de gases com efeito de estufa. E esse é o principal objetivo” salientou. Reforçando que “este mercado vai introduzir uma vontade de participação, mas com regulação vai mostrar às empresas que se não mitigarem com outros mecanismos não são bem-vindas no Mercado Voluntário de Carbono”. “Sem oxigénio não sobrevivemos. Mas, infelizmente, esse facto não é suficiente para as pessoas valorizarem-no por si só. Temos um território florestal valioso e não o aproveitamos… não cuidamos dele… e todos os verões sofremos consequências enormes por causa disso” lamentou.
CONHEÇA OS PROJETOS VENCEDORES
“Reutilização de Águas Residuais Tratadas em Contexto Escolar” – Câmara Municipal de Loulé
Recolha e tratamento das águas residuais produzidas nos balneários da E.B. 2, 3 Padre João Coelho Cabanita para reutilização na rega de espaços cultivados mantidos pelos alunos dos cursos de educação e formação em ‘Operador de Campos de Golfe’ foi o projeto apresentado pelo Município de Loulé.
Com uma capacidade de tratamento de 4,0 m³ por dia e com uma forte componente de sensibilização da comunidade escolar, tem como objetivo conciliar uma redução do consumo de água da rede pública, pela valorização daquilo que de outra forma seria um resíduo. A implementação deste projeto foi impulsionada por uma candidatura ao concurso ‘Eficiência Hídrica na Escola’ promovido pela APA – ARH Algarve em 2021.
“Roupas Usadas não estão acabadas” – Sarah Trading
Desde o ano letivo 2014/2015 que, em parceria com a ABAE, através do programa Eco-Escolas, a Sarah Trading tem promovido o projeto “Roupas Usadas não estão acabadas”. Uma iniciativa que tem como objetivo informar as crianças e os jovens e, através deles, a população em geral, sobre a importância do encaminhamento adequado de roupa, calçado e brinquedos para a reutilização e reciclagem.
Este projeto tem duas componentes: motivar a comunidade local através de campanhas de recolha de material (roupa, calçado e brinquedos) e dar asas à criatividade de modo a destacar a reutilização como modo de vida sustentável.
“Desafio da Água – Poupança Sem Fronteiras” – Águas do Algarve
Consciente de que a Água é um fator primordial à vida e ao desenvolvimento sustentável, mas que neste momento depara-se com grandes desafios, a Águas do Algarve desenvolveu o projeto “Desafio da Água – Poupança Sem Fronteiras”. A entidade gestora pretende contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes da importância vital deste recurso escasso promovendo a sua educação ambiental.
O projeto pretende sensibilizar a comunidade para a importância do uso eficiente da Água, os impactos da escassez hídrica, bem como alertar para a necessidade de novos comportamentos de consumo e, sobretudo, pensar na questão da sustentabilidade como uma solução para as gerações futuras.
“Marita Moreno Sustainable Concept Store” – Marita Moreno
A Marita Moreno Sustainable Concept Store é o projeto de um espaço pop-up que reúne uma curadoria de marcas sustentáveis de moda, acessórios, lifestlyle, arte, estacionário, cerâmica, artesanato contemporâneo e fotografia e, claro, com os sapatos e bolsas da marca sustentável Marita Moreno.
O projeto do espaço físico decorreu a partir do conceito “espaço bruto” em que deixaram as paredes falar da sua história, com o mínimo de interferência possível, deixando à mostra as “cicatrizes e rugas” do espaço – uma antiga “ilha” típica da cidade do Porto. A decoração da concept store é reaproveitada de um espaço comercial anterior e por isso em segunda mão e já ela feita inicialmente com os restos de decorações anteriores, equilibra, redimensiona e dá a elegância e a simplicidade ao espaço que permite dar brilho aos projetos apresentados. A Marita Moreno Store pretende ser um “lugar” dedicado à sustentabilidade para mostrar as diferentes formas de ser criativo e responsável.
A curadoria é feita pela Marita Setas Ferro e pela Virgínia França, apresentando marcas de vestuário sustentável de autor, marcas de vestuário feito a partir de “stock morto” e peças únicas de materiais naturais, restos de cortes de peças, entre outros.
Greenfishing Port – UCMar da Universidade de Coimbra
O projeto Green Fishing Port, promovido pelo UCMar, da Universidade de Coimbra, apresenta-se como uma operação de interesse coletivo na medida em que pretende dinamizar e promover gestão ambiental dos portos de pesca da região, orientadas para o aproveitamento e valorização de resíduos e efluentes que se acumulam em grande volume nas zonas portuárias, promovendo assim uma gestão sustentável da orla costeira e a proteção e conservação do meio marinho e biodiversidade da região.
Através de uma modelo de atuação em parceria envolvendo os stakeholders e atores-chave locais, a operação pretende desenvolver e testar um modelo de gestão integrada dos portos de pesca, favorecendo ao mesmo tempo a criação de novas empresas e empregos ligados à valorização e transformação dos resíduos efluentes.