Com o objetivo de testar de que forma é que a variação da duração da estação de crescimento condiciona o desenvolvimento das árvores, foi desenvolvido o estudo “Decoupled leaf-wood phenology in two pine species from contrasting climates: Longer growing seasons do not mean more radial growth”, pelo Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). Publicado na revista “Agricultural and Forest Meteorology” o mesmo sugere que as estações de crescimento mais longas não implicam necessariamente a formação de anéis de crescimento mais largos.
Para Filipe Campelo, investigador do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, e coautor do estudo “com o aumento da temperatura média global, são esperadas estações de crescimento mais longas. No entanto, o aumento da duração da estação de crescimento pode não significar um aumento da produção de madeira. Por exemplo, a seca estival pode neutralizar o potencial efeito positivo de uma estação de crescimento mais longa, limitando o crescimento e a produtividade florestal”. Salientando que “por outro lado, desconhece-se como a fenologia das árvores, em particular a data de aparecimento e queda das folhas, afeta o crescimento, a fixação de carbono e consequentemente a mitigação das alterações climáticas pelas florestas”.
PRINCIPAIS CONCLUSÕES DO DESENVOLVIMENTO DAS ÁRVORES
Segundo as conclusões do estudo, as folhas surgiram primeiro no pinheiro-de-alepo (início de março) do que no pinheiro-silvestre (meados de maio). “Os resultados demonstraram que a formação da madeira está dissociada da fenologia das folhas e uma estação de crescimento mais longa nem sempre resulta num aumento do crescimento radial nem na fixação de mais carbono”, afirma Filipe Campelo.
Para o investigador, este estudo sugere, ainda, que a estimativa da quantidade de carbono sequestrado anualmente pelas florestas deve ter em consideração, além da duração da estação de crescimento, a variação intra-anual das taxas de formação da madeira. “Este ponto é crucial para uma melhor compreensão do ciclo global do carbono e avaliação da contribuição das florestas para a regulação do dióxido de carbono na atmosfera”, conclui Filipe Campelo.
Para alcançar estes resultados, foi testada a relação entre a duração da estação de crescimento e o crescimento através da comparação de dados fenológicos das folhas e das datas de início e fim da formação da madeira simuladas por modelos de formação da madeira.
Assim, foram analisadas séries temporais com as datas de emergência e queda das folhas, bem como séries temporais do tamanho dos anéis de crescimento, em duas espécies de pinheiro sob condições climáticas contrastantes, nomeadamente o pinheiro-de-alepo (Pinus halepensis), num sítio mediterrânico em Espanha, e o pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris), num sítio boreal na Rússia.