Com vista a analisar o ambiente em que vivem as crianças, um pouco por todo o mundo, o Centro de Pesquisa Innocenti da UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância desenvolveu um relatório que revela resultados surpreendentes no que diz respeito às condições das habitações onde moram as crianças. O estudo abrange 39 países da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e da União Europeia, de acordo com diferentes critérios, incluindo pesticidas, geração de resíduos, humidade doméstica e acesso à luz natural.
De acordo com a UNICEF, cerca de 8% das crianças portuguesas habitam em casas com humidade e bolor, que são considerados problemas graves. Relativamente às condições ambientais para as crianças, o que engloba fatores como a poluição do ar e da água e mesmo a presença de chumbo no sangue, Portugal encontra-se na 25ª posição. Em contrapartida, numa lista de 39 países, Portugal está em 3º lugar relativamente ao desempenho geral em termos de indicadores ambientais.
A dificuldade em aquecer a habitação (35% das famílias portuguesas pobres com crianças) e a poluição sonora (25% das famílias com crianças) foram outros fatores que se salientaram nas conclusões portuguesas no estudo.
Além disso, o estudo revela que são os países mais ricos que mais produzem e que mais poluem, sendo, também, os que gastam mais recursos e causam danos mais profundos no ambiente.
FATORES ESSENCIAIS PARA A CONCLUSÃO DO ESTUDO
Na elaboração desta investigação foram destacados princípios como o acesso das crianças a água potável, a qualidade do ar, a área das habitações e, também, foi tido em conta se as casas se localizam perto de espaços verdes e a salvo de zonas com muito trânsito, onde estas possam brincar, desenvolver-se e crescer.
Para Gunilla Olsson, Diretora do Centro Innocenti – Centro de pesquisa da UNICEF e responsável pelo relatório, “a maioria dos países ricos não consegue proporcionar aos seus próprios filhos um ambiente de vida saudável” Salientando que “podemos concluir que este estudo da UNICEF alerta que o crescimento económico, não só se sobrepõe demasiadas vezes à preservação do ambiente, mas também ao bem-estar mental e físico das crianças, algo que, muitas vezes, as acompanha até à idade adulta.”
Uma excelente investigação que vem demonstrar não só as condições de vida das crianças como também mostrar a urgência que Portugal tem de mudar rapidamente os seus comportamentos, uma vez que os portugueses ultrapassam em 2,8 vezes os recursos disponíveis no planeta, o que vai acabar por afetar a qualidade de vida das gerações futuras. São necessárias urgentes intervenções para ser possível dizer que caminhamos rumo à sustentabilidade ambiental do planeta.