A eficiência energética e a economia circular podem e devem trabalhar em conjunto numa estratégia coordenada para reduzir as emissões dos edifícios em toda a U.E. Esta conclusão é o resultado de um debate entre investigadores, organizações não governamentais (ONGs), representantes da indústria e decisores políticos que se reuniram para discutir sobre as políticas de construção da União Europeia, num evento organizado pelo European Environmental Bureau, pelo Buildings Performance Institute Europe e pela Cooperativa de Educação, Cooperação e Desenvolvimento.
Desta forma, descarbonizar o parque imobiliário da Europa é essencial para atingir as metas ambientais e climáticas da U.E. Contudo, os planos da U.E para melhorar o desempenho energético dos edifícios correm o risco de ficar bem aquém. Quem revela esta problemática é Roberta Arbinolo, Contributor da META – The European Environmental Bureau.
Uma versão preliminar da lei da U.E para melhorar o desempenho energético dos edifícios falha ao reunir esses pilares da descarbonização dos edifícios. O projeto da Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD) não inclui qualquer referência à circularidade e suficiência e aborda as emissões da fase operacional dos edifícios apenas, ou seja, quando os edifícios estão em uso em vez de considerar uma abordagem de carbono para toda a vida.
ACUMULAÇÃO DE EMISSÕES
Na Europa, o uso de edifícios representa cerca de 40% do consumo de energia e 36% das emissões de CO2. E este é apenas o impacto operacional dos edifícios. Globalmente, 11% das emissões vêm do carbono incorporado – as emissões originadas da construção, demolição e cadeia de suprimentos mais ampla de um edifício.
Atualmente, a U.E e os seus Estados-Membros enfrentam uma oportunidade sem precedentes para limitar essas emissões com o Pacto Ecológico Europeu, a Onda de Renovação e o Plano de Recuperação para a Europa. Estes definem o contexto para reorientar os esforços políticos para a descarbonização eficaz do parque imobiliário e a revisão de duas leis-chave que regulam o desempenho energético dos edifícios (EPBD) e os produtos de construção (CPR).
Em debate no evento, as ONGs verdes apelaram aos formuladores de políticas e à cadeia de valor da construção para trabalhar em conjunto de forma a remover as barreiras existentes e tomar as medidas necessárias para atingir esse objetivo.
EMISSÕES INCORPORADAS
Os impactos incorporados de materiais de construção e produtos de construção incluem emissões de carbono, uso de recursos e poluição que são incorporados durante o processo de construção. Estima-se que o carbono incorporado seja responsável por até 10/20% da pegada de CO2 dos edifícios da U.E, dependendo de fatores como tipo de construção, técnica e materiais de construção e intensidade da rede.
Desta forma, no evento debateu-se sobre a necessidade de combater as emissões incorporadas dos edifícios, um desafio discutido entre as entidades como sendo ignorado pelos decisores políticos.
Zsolt Toth, Gerente Sénior de Projetos da BPIE, revelou à META que é determinante “alinhar ambições e otimizar intervenções de políticas em todo o ciclo de vida do edifício para refletir o orçamento de carbono e a capacidade da indústria.”
RUMO À CIRCULARIDADE E EFICIÊNCIA
As políticas de suficiência e de circularidade têm um enorme potencial para ajudar a reduzir as emissões incorporadas e, finalmente, descarbonizar o parque imobiliário. A abordagem de suficiência é reduzir a procura por energia, materiais, terra, água e outros recursos naturais ao longo do ciclo de vida dos edifícios, enquanto maximiza o bem-estar dentro do orçamento de carbono restante.
Gonzalo Sanchez, Diretor de Políticas do EEB para Economia Circular e Neutralidade de Carbono no setor de Construção, destacou à META que é necessário “explorar o potencial de redução de emissões de suficiência e circularidade. A descarbonização do nosso ambiente será impulsionada pela renovação de edifícios residenciais, que acontece em média uma vez a cada 25 anos. Se perdermos esta oportunidade, a descarbonização do parque imobiliário da U.E até 2050 estará fora de alcance.”
Para colmatar esta problemática é necessário que os agentes políticos adotem medidas concretas para fazer cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Só assim é que conseguiremos garantir que os edifícios consigam alcançar zero emissões.