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A transferência de conhecimento ao serviço da economia do mar

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A Transferência de Conhecimento ao Serviço da Economia do Mar – UC MAR – é a demonstração da capacidade da Universidade de Coimbra na qualificação das atividades económicas associadas ao setor, através da criação de novos produtos e serviços resultantes de atividades de investigação e desenvolvimento.

O UC MAR pretende, deste modo, estimular a criação e difusão de processos inovadores nas pescas, na transformação e na comercialização dos produtos da pesca e da aquacultura, bem como promover a transferência de conhecimentos através de parcerias entre cientistas e pescadores.

Investigadores multidisciplinares da Universidade estão a desenvolver um conjunto de tarefas específicas, como o ARTIFISH e o BIOREDE, que têm como propósito a inovação do setor das pescas e da aquacultura.

PROJETO ARTFISH: PESCA LOCAL COM DIVERSIDADE DE CAPTURAS E ALTO VALOR COMERCIAL

ARTFISH, Pesca Artesanal Local (redes de emalhar e tresmalhe) na Costa Centro-Norte Portuguesa, projeto integrado no UC MAR, desenvolvido entre 2018 e o final deste ano, visa promover a gestão sustentável dos recursos pesqueiros, através da caracterização das operações de pesca artesanal local, no que concerne às redes de emalhar e tresmalhe na costa centro-norte portuguesa.

As análises feitas, fruto das informações recolhidas durante as safras de 2019 a 2021, permitiram concluir que há uma grande variação nas capturas na costa centro-norte em termos de diversidade e de capturas; que a atividade pesqueira incide entre a primavera e outono, com uma baixa incidência de capturas acessórias e de indivíduos subdimensionados; que as principais espécies capturas são de elevado valor comercial; destacando-se um aumento do contacto direto com os pescadores e associações de pesca, promovendo assim a transferência de conhecimento entre os envolvidos.

As principais espécies de peixe capturadas nos cinco portos avaliados pelo ARTFISH – Castelo do Neiva, Viana do Castelo, Angeiras, Figueira da Foz e Nazaré – incluem a faneca, o sargo, o robalo, a dourada, a salema, congro, raia zimbreira, língua, juliana e o peixe porco.

Como medidas de gestão e sustentabilidade o ARTIFISH propõe o controlo das malhagens a bordo e em terra, bem como sugere impedir que novas redes sejam levadas para bordo. Consideram que o tempo de atividade de pesca deve ser adequado às espécies capturadas e ao seu ciclo de vida. Quanto ao controlo do esforço de pesca, como medidas a implementar salientam a implementação de sistemas de controlo com base em inquéritos/diários de atividade e análise detalhada de dados de desembarques em lota.

No que toca ao controlo dos movimentos, sugerem a utilização de novas tecnologias, radares, VMS e imagens satélite, para que possam ser implementadas medidas como a recolha de dados de dias no mar, trajetos e capturas, salientando, ainda, que a maior parte das embarcações de pesca local não disponham desta tecnologia. Consideram, ainda, que deve haver uma gestão participativa, com a inclusão dos intervenientes na gestão dos recursos (pescadores, armadores, empresas pecado e transformação, decisores/gestores).

BIOREDE – UMA NOVA OPORTUNIDADE PARA AS ESPÉCIES MARINHAS

O projeto BIOREDE, desenvolvido no âmbito do UC MAR, visa a criação de uma rede de pesca totalmente biodegradável e biocompatível, que possa substituir as atuais redes feitas de filamentos de nylon, fibra sintética, que são da família dos plásticos.

Os plásticos foram substituídos por um polímero biodegradável, obtido a partir de matéria-prima renovável, que proporciona a resistência adequada à faina pesqueira.

Para o desenvolvimento deste projeto, os investigadores, da Universidade de Coimbra, formaram uma parceira com a SICOR – Sociedade Industrial de Cordoaria para a produção dos filamentos da rede, feitos a partir deste novo polímero, e com a associação de pesca local FigPesca, que está a testar este primeiro protótipo real da rede, no mar, durante a faina.

Este contacto com os pescadores e a utilização da rede em contexto real permite que, atualmente, a rede vá sofrendo alterações, para que a mesma seja adaptada ao encontro das necessidades da pesca: a resistência, a maleabilidade, a cor da rede (branca ou contrário das redes usuais), entre outras.

É possível rumar à proteção das espécies marinhas e à prática de uma gestão de recursos mais sustentável, através da colaboração de todos os atores sociais, pois todos temos um papel fundamental no que toca à alteração de atitudes e comportamentos para transformar as nossas ações mais verdes.