Com o objetivo de identificar agentes patogénicos importantes na saúde pública, o nível de infeção e a introdução de espécies exóticas, surge o projeto REVIVE- Rede Nacional de Vigilância de Vetores. Nesta rede, promovida pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), faz-se uma vigilância de vetores culicídeos e ixodídeos (mosquitos e carraças) que causam doenças com grande impacto na saúde pública, como dengue, zika, febre da carraça, doença de lyme ou febre hemorrágica crimeia-congo.
O mote deste projeto passa por monitorizar a atividade de artrópodes hematófagos e caraterizar as espécies e a sua ocorrência sazonal. Desta forma, a criação da REVIVE surge pela necessidade de instalar capacidades nas regiões, para aumentar o conhecimento sobre as espécies de vetores presentes, a sua distribuição e abundância e o impacto das alterações climáticas e para detetar espécies invasoras em tempo útil, com grande importância na saúde pública.
DOENÇAS TRANSMITIDAS POR MOSQUITOS E CARRAÇAS
A transmissão de inúmeras doenças ao Homem, através de mosquitos e carraças, tem emergido em resultado das alterações climáticas, demográficas e sociais, alterações genéticas nos agentes infeciosos, resistência dos vetores a inseticidas e mudanças nas práticas de saúde pública. Torna-se, assim, essencial avaliar o risco de vetores e doenças transmitidas por estes, sendo necessário monitorizar a introdução de novos vetores em novas regiões geográficas e determinar a atividade dos agentes infeciosos.
Para evitar a propagação destas doenças é primordial que se fique a conhecer a área geográfica de distribuição para que possam ser estabelecidas medidas, com o objetivo de mitigar os efeitos na população mundial. Assim, é crucial determinar quais as espécies de vetores que estão presentes, a sua abundância, taxas de infeção para cada agente por área geográfica, o seu período de atividade, principais hospedeiros e fatores de risco para a população exposta ao contato com estes vetores.
Até ao momento, a REVIVE-Mosquitos e o REVIVE-Carraças têm ajudado a contribuir para o conhecimento ecoepidemiológico das espécies presentes nas várias regiões do país, bem como a clarificar o seu papel como vetores de agentes de doença, sendo, desta forma fundamental o papel dos Técnicos de Saúde Ambiental para demonstrar o impacto do ambiente na saúde da população. É de salientar que os Técnicos de Saúde Ambiental detêm um papel fundamental no desenvolvimento de atividades de identificação, caraterização e redução de fatores de risco para a saúde originados no ambiente, participação no planeamento de ações de saúde ambiental e em ações de educação para a saúde em grupos específicos da comunidade, bem como desenvolvimento de ações de controlo e vigilância sanitária de sistemas, estruturas e atividades com interação no ambiente, no âmbito da legislação sobre higiene e saúde ambiental.