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“Resiliência Urbana”

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A perspetiva da gestão e das políticas públicas, enquanto tituladas e levadas à prática pelos diversos níveis da governância – do regional ao nacional e ao comunitário, deve ser alvo de reflexão. Na Conferência “Serei mesmo verde? Uma reflexão empresarial e social”, a ad quadratum arquitectos quis trazer este tema a debate e desafiar a que essa reflexão fosse conjunta e pluridisciplinar.

A relevância da visão e prática destas entidades para os territórios de qualquer dimensão e, em particular, para aqueles mais urbanizados – vulgo aglomerados urbanos ou cidades – posiciona-as como protagonistas na conceção e exploração de formas de atuação exemplares, enquanto “âncoras” da fundação de uma nova “economia” de base circular, onde pelo reconhecimento e otimização das cadeias de valor dos produtos e serviços, se pode assegurar a devida sustentabilidade dos recursos.

No entender da ad quadratum arquitectos , valorizando os princípios de proximidade, as autoridades locais – leia-se municípios – devem constituir-se de facto como “agentes ativos” de um processo de transição de toda uma sociedade para os princípios da economia circular (mas de forma mais abrangente também para a “economia verde” e para a “sustentabilidade”), nomeadamente, através da experimentação prática de soluções inovadoras de cariz circular, abordando com coragem desafios complexos – nomeadamente os urbanos – designadamente pela implementação de medidas de política pública que influenciam cidadãos/consumidores bem como modelam os padrões das atividades do diversificado “tecido urbano”.

Boas-práticas – sustentáveis e de base circular – exigem-se assim em temas tão fundamentais como no Urbanismo e Construção, nomeadamente, pela integração das políticas de resíduos e utilização de matérias sustentáveis a todos os níveis, no âmbito do Ciclo Urbano da Água onde se impõe uma gestão criteriosa do precioso recurso, mais ainda quando se trata de água potável, mas também no que deve ser feito para a reintegração circular de outras águas residuais ou pluviais, ou ainda na perspetiva do estreitamento das Relações Urbano-Rurais aproximando territórios cuja sobrevivência e sustentabilidade dependem de relações harmoniosas, equilibradas e justas ou da promoção de uma nova Economia Urbana onde a implementação de ciclos curtos de comercialização, regulação de usos e utilizadores assegurem articuladamente princípios de contratação pública comprometida localmente e ambientalmente responsável, uma efetiva transição digital, contribuindo também para uma efetiva e expressiva descarbonização e redução da emissão de gases com efeito de estufa, visando sempre a desejada equidade social e inclusão de todos.

São estes princípios que posicionam e preparam de modo mais robusto e resistente as nossas sociedades e os nossos territórios para confrontos e crises – como a sanitária que ultrapassamos – evidenciando deste modo o conceito de “resiliência urbana”, que assenta assim fundações em territórios com elevados índices de coesão territorial, em comunidades com economias mais autónomas, em soluções mais “verdes” e ambientalmente/climaticamente mais amigáveis em prol de sociedades socialmente mais justas e inclusivas a todos os níveis.

José António Lopes, Arquiteto

CEO ad quadratum arquitectos

Nota: os artigos publicados na secção opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores.