Os portugueses utilizam mais a marmita, comem menos carne e consomem mais alimentos biológicos ou de agricultura sustentável. Estes são alguns dos resultados do III Grande Inquérito Nacional de Sustentabilidade Missão Continente/ICS- ULisboa. Promovido pela Missão Continente e com coordenação científica do OBSERVA/ICS-ULisboa, o III Grande Inquérito Nacional de Sustentabilidade dá continuidade aos dois inquéritos anteriores e aborda temáticas relacionadas com a alimentação, o desperdício alimentar, a economia circular e rastreabilidade dos produtos, a inclusão social, a produção nacional e o consumo consciente.
AMBIENTE E ALIMENTAÇÃO
Entre as medidas adotadas em defesa do ambiente destacam-se a substituição de lâmpadas normais pelas de baixo consumo (63,4%), a redução do consumo de produtos descartáveis (48,9%), a redução de resíduos e a separação para reciclagem (48,5%) e o cultivo de uma horta (22,2%).
Comparando com os dados de 2018, o inquérito registou uma diminuição do consumo de carne e o aumento da importância das refeições de base vegetal que já ultrapassa as duas refeições em média por semana.
Além disso, o inquérito revelou que são as mulheres que consomem mais refeições à base de vegetais e as pessoas com maior escolaridade e com rendimentos mais confortáveis tendem a ter hábitos de consumo mais saudáveis, ingerindo menos carnes com gorduras saturadas e preferindo as carnes brancas.
Segundo o III Grande Inquérito Nacional de Sustentabilidade, 52,4% dos inquiridos, sobretudo os mais jovens, consideram o desperdício alimentar um dos aspetos mais preocupantes do consumo alimentar, seguido do excesso de açúcares ou gorduras nos alimentos (36,2%) e da presença de pesticidas nos hortofrutícolas e cereais (23,9%).
No que toca aos critérios na compra de alimentos, 92% valoriza a frescura, 89% o sabor, 87% o preço justo, 84% o prazo de validade, 84% ser saudável e 84% o bom aspeto. No domínio da alimentação escolar, 62,6% concordam com a proibição da venda de alimentos pouco saudáveis num raio de 500 metros das escolas. Por sua vez, são os jovens (< 25 anos) que menos concordam com as medidas de intervenção na alimentação escolar.
SOCIEDADE E ECONOMIA
Depois da pandemia, verificou-se um aumento na frequência de espaços de lazer e consumo, nomeadamente as idas praia (de 65% para 94,7%), caminhadas ao ar livre (de 64,3% para 96,5%) e refeições em conjunto na sua casa, de amigos ou familiares (73,4% para 97,8%).
Mais de metade dos portugueses (54%) tem uma opinião negativa sobre a distribuição da riqueza em Portugal, 62,2% dos portugueses sentem-se pessimistas em relação ao acesso à habitação e 46,9% demonstram apreensão na capacidade de suportar os consumos domésticos nos próximos 5 anos.
De acordo com o inquérito, se houvesse um aumento no orçamento familiar, a maioria dos portugueses (42,3%) aproveitaria para “poupar”, seguida de quase 1/3 (31,8%) que investiria mais em “férias” e “cuidados de saúde” (30,8%). Esta última categoria tinha sido a mais assinalada no inquérito anterior com 51% de respostas e a terceira mais assinalada em 2016 com 41%.
Os portugueses acreditam que o país deve investir mais nos setores da Educação/formação (48,4%), Ambiente (35,3%) e Energias Renováveis (31,5%). Segue-se a Agricultura (29,7%) que ainda reserva um lugar favorável neste ranking, embora menos do que no 1º Inquérito aplicado em 2016, sobretudo quando comparada com as restantes atividades económicas – indústria, turismo e comércio.
Um excelente inquérito que vem demonstrar que Portugal está num bom caminho rumo à sustentabilidade ambiental, uma vez que os portugueses já começam a implementar hábitos e comportamentos verdadeiramente sustentáveis.