Contribuir para o potencial em larga escala dos sistemas solares, eólicos offshore e das ondas, através da instalação de dois demonstradores na Europa, um em Portugal e outro na Bélgica, é o objetivo do projeto de energia marinha EU-SCORES – European SCalable Offshore Renewable Energy Sources. O mesmo prevê o uso eficiente e eficaz de energias renováveis offshore para cumprir o objetivo da União Europeia de atingir zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa, até 2050.
O projeto europeu, de 45 milhões de euros, através de dados obtidos a partir do parque eólico offshore, situado em Viana do Castelo, em conjunto com os dados produzidos pelo parque de energia das ondas, situado ao largo da Aguçadoura, vai permitir demonstrar o potencial de conjugar ambas as tecnologias de produção.
O EU-SCORES visa mostrar os benefícios da produção de energia contínua, aproveitando fontes de energia complementares, incluindo vento, sol e ondas. Uma abordagem híbrida que vai permitir criar um sistema de energia resiliente e estável, com maior capacidade de produção, a um custo mais baixo. Assim, a implementação do parque híbrido será articulada com o estudo de integração de outros vetores energéticos, como a produção de hidrogénio verde, cuja viabilidade de exploração será analisada do ponto de vista técnico e económico no decurso do projeto.
OBJETIVOS RUMO À SUSTENTABILIDADE DO PLANETA
De acordo com João Maciel, Diretor de I&D da EDP, “a produção de energia offshore será um vetor fundamental da transição energética do planeta e do combate às alterações climáticas. Na EDP, somos pioneiros no uso do espaço marítimo para a produção de energia renovável, fazendo parte do consórcio que instalou o primeiro parque eólico flutuante da Europa Continental”. Salientando, “com este novo projeto, que vai explorar em conjunto múltiplas tecnologias em alto mar, pretendemos demonstrar o forte contributo que a produção offshore pode dar para a produção e consumo de energia limpa.”
Já Francisco Correia da Fonseca, Engenheiro Sénior no WavEC, revela que atualmente é óbvio “que a transição energética a nível global passará pela exploração eficiente e sustentável do oceano, possivelmente o nosso recurso mais importante em Portugal.” Frisando, “O projeto EU-SCORES apresenta uma excelente oportunidade para demonstrar conceitos híbridos inovadores que poderão alavancar a indústria renovável offshore em Portugal e na Europa.”
Desta forma, em Portugal, será instalado o parque de energia das ondas de 1,2 MW o que vai permitir dados científicos extremamente importantes para análise, dada a proximidade ao parque eólico offshore. Ao largo de Viana do Castelo, e no âmbito do projeto, será, ainda, instalado um hub que permite a possibilidade de ligação de um parque de MV de energia das ondas, tirando partido da infraestrutura submarina existente.
Para Bernardo Silva, Investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência INESC TEC, “a abordagem híbrida permitirá um fornecimento de eletricidade mais confiável e constante, já que temos diferentes fontes de geração de energia.” Salientando que, “a utilização em simultâneo de infraestruturas elétricas críticas e a exploração de metodologias avançadas de operação e manutenção do parque híbrido também trará benefícios ao nível da redução de custos.”
No projeto constam três instituições portuguesas: a EDP, o INESC TEC e o WavEC que contribuirão para a definição de soluções e as suas respetivas implementações. Também vão proporcionar um desenvolvimento de gestão de ativos para a operação otimizada dos parques híbridos, assim como na simulação da participação deste tipo de parques em ambiente de mercado de energia elétrica.