A Agência Europeia do Ambiente apresentou o relatório “Economic losses and fatalities from weather and climate related events in Europe”. O mesmo revela o impacto dos fenómenos meteorológicos extremos relacionados com as alterações climáticas. De forma a ser um contributo para a sociedade, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, através do estudo detalhado dos dados disponibilizados, retirou conclusões preocupantes.
A investigação indica que os fenómenos meteorológicos extremos levaram a uma mortalidade prematura. De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, a maioria das mortes, ou seja, mais de 85%, no período entre 1981 e 2020, foram consequência das ondas de calor. A informação foi obtida através das bases de dados CATDAT (RiskLayer GmbH) e NatCatSERVICE (Munique Re GmbH).
As perdas são categorizadas em três grupos de eventos extremos diretos ou indiretos ao clima. São denominados por eventos meteorológicos (por exemplo, tempestades), eventos hidrológicos (tais como, inundações) e eventos climatológicos (como, ondas de calor, ondas de frio e secas).
PRINCIPAIS CONCLUSÕES DA ZERO
De acordo com a Zero, Portugal é um dos países com menor cobertura de danos por seguros de eventos meteorológicos extremos e está entre os países com valores mais elevados em termos de prejuízos por quilómetro quadrado.
Portugal, também tem custos significativos, cerca de 1000 a 1500 euros por pessoa nos 40 anos em causa. E ainda, revela que Portugal é um dos países com maior percentagem de impacto económico sobre as alterações climáticas no que diz respeito a fenómenos meteorológicos extremos no produto interno bruto – 1,5 a 2,5% entre 2005 e 2014.
Recorrendo à informação disponibilizada pela base de dados CATDAT, para o período 1980 a 2020, é possível de se verificar que Portugal regista valores preocupantes no que toca aos danos por consequência das alterações climáticas. De salientar que o 1º lugar representa piores valores do que o último lugar.
Assim, Portugal encontra-se em 5º lugar ao nível de mortes prematuras, tendo registado 9267 ocorrências. No que diz respeito a perdas económicas, Portugal está na 7º posição, com perdas a rondar os 134,61 milhões de euros. Enquanto que, ao nível de perdas económicas abrangidas por seguros registaram-se cerca de 478 milhões de euros.
Dados que nos indicam que Portugal é um dos países mais afetados pelos prejuízos associados aos fenómenos meteorológicos extremos relacionados com as alterações climáticas.
MEDIDAS A IMPLEMENTAR PARA TRAVAR OS FENÓMENOS METEOROLÓGICOS EXTREMOS
Do ponto de vista da ZERO, é urgente acelerar a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC), que foi prorrogada para 2025, assim como garantir o financiamento para a implementação de medidas de adaptação e apelar à adesão a seguros que contemplem eventos meteorológicos extremos.
Promover a adesão dos municípios ao Pacto dos Autarcas e ao seu comprometimento com metas de mitigação climática, adaptação e pobreza energética, para 2050, e desenvolver planos regionais e municipais de adaptação, até fevereiro de 2024, em conjunto com compromissos de redução de emissões, são também medidas essenciais para travar estes impactos no ambiente e na sociedade, em geral.
A adoção destas e outras medidas tornam-se urgentes para ser possível caminharmos rumo a um futuro com qualidade de vida para todos. Só assim é que conseguimos garantir a sustentabilidade integral do planeta.