O Politécnico de Coimbra (IPC) está a desenvolver um projeto que pretende fazer a reciclagem total de misturas betuminosas com óleo alimentar usado como rejuvenescedor. Intitulado de “CoolAsphalt”, este pretende desenvolver um novo conceito de mistura betuminosa para pavimentos rodoviários, com reciclagem integral de material betuminoso envelhecido recuperado (MBR) de pavimentos degradados, rejuvenescido com óleo alimentar usado (OAU). O resultado é um material com menor impacto ambiental no ciclo de vida do material, mais barato e eco-eficiente e com caraterísticas técnicas comparáveis às das misturas betuminosas tradicionais.
A equipa do IPC neste projeto integra o investigador e docente de Engenharia Civil do Instituto Superior de Engenharia do Politécnico de Coimbra (ISEC-IPC), Silvino Capitão, que coordena o projeto, o Docente de Engenharia Química e Biológica do ISEC-IPC, Luís Castro e o Técnico Superior de Engenharia Civil, Carlos Renato Rodrigues.
Segundo Silvino Capitão, este projeto pretende utilizar 100% de MBR quando a prática tecnológica mais corrente está limitada a cerca de 30%. Além disso, o rejuvenescimento do betume asfáltico envelhecido da MBR será conseguido pela adição de óleo alimentar usado, um resíduo da indústria alimentar e do uso doméstico.
PROJETO COOLASPHALT PROMOVE A SUSTENTABILIDADE DAS ESTRADAS
“A solução proposta pelo CoolAsphalt é uma solução disruptiva para o mercado, com potencial para gerar mais-valias tecnológicas, comerciais e ambientais, porque valoriza, reutiliza e reduz a (crescente) geração de resíduos betuminosos vindos da demolição de camadas de pavimentos existentes”, explica o investigador, acrescentando que estas mais-valias estão também alinhadas com os princípios da economia circular e do uso eficiente de recursos, reduzindo os custos económicos e os impactos ambientais para a sociedade.
Para Silvino Capitão, a importância do projeto é nacional, mas também internacional. “Os cerca de 17.800 km de estradas de âmbito nacional em Portugal e os cerca de 70.000 km das redes municipais podem ser simultaneamente fonte de matéria-prima e destino final dos produtos de pavimentação a desenvolver”, refere, salientando que na Europa, “mais de 90% dos 5,2 milhões de km de estradas têm misturas betuminosas aplicadas, o que mostra o enorme potencial de disponibilidade de MBR de pavimentos que se vão degradando”.
No CoolAsphalt as misturas betuminosas recuperadas (MBR) são removidas dos pavimentos, por fresagem, transportadas e armazenadas em locais próximos da sua origem, licenciados para o efeito, junto da central de produção. A solução a desenvolver pode ser aplicada na reabilitação do próprio pavimento que deu origem à MBR a reutilizar, ou na reabilitação de outra infraestrutura de transporte.
O projeto CoolAsphalt envolve a realização de ensaios de laboratório e a construção de um protótipo de pavimento para avaliar e validar, do ponto de vista experimental, os processos de formulação, fabrico e aplicação do novo material, assim como as suas propriedades mecânicas e funcionais, e a sua durabilidade.
Além disso, o projeto envolve a análise do ciclo de vida da solução inovadora de pavimentação, a avaliação do seu impacto ambiental e o suporte do processo de licenciamento industrial.
O CoolAsphalt é um projeto de I&DT empresas em copromoção, co-financiado pelo programa COMPETE2020, com um investimento elegível de cerca de 1 milhão de euros, correspondendo ao ISEC-IPC o valor de € 207.512,38. O i2A é responsável pela execução financeira do projeto.