O impacto das alterações climáticas na economia global poderá atingir proporções sem precedentes, com o PIB mundial a enfrentar uma redução entre 16% e 22% até 2100 devido aos riscos climáticos, segundo o relatório “The Cost of Inaction: A CEO Guide to Navigating Climate Risk”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG) em parceria com o World Economic Forum. Desde o ano 2000, as catástrofes relacionadas com o clima já provocaram danos superiores a 3,6 biliões de dólares, e o risco continua a crescer num mundo em rápida transformação, onde a inação por parte das empresas pode comprometer não só a sua competitividade, mas também a sua sobrevivência a longo prazo. A relação entre crise climática e impacto económico torna-se cada vez mais evidente e exige uma resposta urgente por parte das organizações.
Os custos associados às alterações climáticas dispararam nas últimas duas décadas, e os desafios para as empresas não se limitam apenas aos impactos diretos dos fenómenos meteorológicos extremos. A adaptação tornou-se uma necessidade estratégica para garantir resiliência e mitigar riscos que ameaçam as cadeias de abastecimento, os ativos e a produtividade de setores como os serviços públicos, a agricultura e as comunicações. De acordo com o relatório, até 2050, estes riscos poderão comprometer até 25% dos lucros das empresas. Paralelamente, os riscos de transição colocam desafios acrescidos à medida que os governos implementam regulamentações mais rigorosas e aumentam os preços do carbono. As empresas que não acompanhem esta transformação poderão enfrentar custos elevados de conformidade e ver a sua posição no mercado ameaçada, especialmente em setores de emissões intensivas como a energia, o cimento e os transportes.
Para mitigar estes riscos e transformar o desafio climático numa vantagem competitiva, é fundamental que os líderes empresariais integrem a sustentabilidade na estratégia de negócio. Avaliar a exposição ao risco climático e adotar medidas de adaptação pode gerar retornos significativos, com estimativas a indicar que cada dólar investido em resiliência pode resultar num retorno entre 2 e 19 dólares. Adicionalmente, a transição para operações de baixo carbono pode permitir uma redução de até 60% das emissões num cenário de transição acelerada, diminuindo a exposição das empresas a custos regulamentares e de mercado.
Num contexto em que a economia verde deverá crescer dos atuais 5 biliões de dólares para mais de 14 biliões até 2030, as empresas que adotem estratégias climáticas sólidas estarão melhor posicionadas para liderar um mercado em rápida expansão. Setores como as energias alternativas, os transportes sustentáveis e os bens de consumo sustentáveis estão entre os mais promissores, com taxas de crescimento anual entre 10% e 20%, bastante superiores ao aumento médio do PIB. Neste cenário, a inovação e a sustentabilidade tornam-se fatores decisivos para garantir competitividade e relevância no futuro.
Para lidar com estes desafios e garantir uma transição bem-sucedida, a BCG destaca quatro estratégias essenciais para as empresas. Em primeiro lugar, é necessário avaliar de forma abrangente os riscos climáticos, medindo os impactos físicos e os riscos de transição, bem como identificando oportunidades associadas ao clima. Em seguida, a gestão do portefólio empresarial deve integrar a adaptação ao risco, garantindo conformidade com regulamentações e descarbonizando operações e cadeias de abastecimento. Apostar na inovação e reformular modelos de negócio permitirá desbloquear novas oportunidades de mercado e impulsionar o crescimento. Por fim, a monitorização contínua dos riscos climáticos e a comunicação dos progressos são fundamentais para assegurar a melhoria contínua das operações e o cumprimento das exigências regulatórias.
No atual panorama global, onde a sustentabilidade deixou de ser uma escolha para se tornar uma necessidade, o sucesso das empresas dependerá da sua capacidade de se adaptarem à nova realidade climática. A inação já não é uma opção viável, e os líderes que integrarem a transição energética e ambiental nas suas estratégias estarão não só a proteger o futuro das suas organizações, mas também a contribuir ativamente para um modelo económico mais sustentável e resiliente.