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Para um Natal diferente, mas super ecológico!

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Por tradição, os feriados de dezembro são os escolhidos pelos portugueses para a “abertura” da época natalícia e respetivas festividades. Uns mais extravagantes, outros mais modestos, mas o Natal não passa despercebido nas casas dos portugueses. E em tempos tão controversos como os que vivemos, o melhor mesmo é deixar o espírito natalício entrar.

Hoje trazemos algumas propostas para tornar o seu Natal mais ecológico, pedagógico e, consequentemente, mais económico.

Começamos então pelo pinheirinho de Natal. São várias as opções que encontramos on-line e até nas lojas de decoração, mas qual será a melhor opção para o ambiente? Deixamos aqui algumas propostas.

Para quem se quer aventurar na bio-bricolage é sempre interessante fazer um pinheiro com restos vegetais que encontramos na floresta ou até mesmo de podas de jardim.

Para quem quer comprar um pinheiro uma vez e não se preocupar mais durante a próxima década, também pode optar por um pinheiro de plástico. Segundo a Universidade de Aveiro, esta pode ser uma opção sustentável, com a condição que o reutilizemos por vários anos. O “Grupo para a Sustentabilidade da Universidade de Aveiro” concluiu que o pinheiro de Natal artificial, desde que reutilizada por cerca de 10 anos, é uma opção mais sustentável do que uma Árvore de Natal natural usada uma única vez.

Para os mais conservadores, deixamos aqui uma última sugestão para o pinheiro de Natal que é um pinheiro amigo do ambiente e dos bombeiros. É o “pinheiro bombeiro” e pode ser encomendado aqui. O “pinheiro bombeiro” é uma iniciativa promovida por uma start-up que permite, durante o período de Natal, alugar pinheiros verdadeiros. Por cada pinheiro alugado, 5,00 € revertem para a compra de material profissional para o combate de incêndios. Mas, além do cariz social, estes pinheiros são uma ferramenta para a conservação e proteção das nossas florestas, uma vez que foram cortados durante a limpeza dos terrenos para evitar a disseminação de incêndios. Em três anos, esta iniciativa já doou mais de 65.000 € e foram alugados mais de 7.000 pinheiros.

E com o pinheiro montado é tempo de nos viramos para o presépio. A nossa proposta é dar uma trégua ao musgo e recuperar uma tradição bem portuguesa do sul e da Madeira, as searinhas de Natal!

Em Portugal existem cerca de 720 espécies de musgo e muitas delas estão ameaçadas de extinção. A proteção existente para estas espécies é insuficiente, tornando-as vulneráveis nesta época do ano. O musgo pode chegar aos 20 anos e serve de refúgio para muitas espécies, contribui para a fixação de nutrientes no solo e protege-o da erosão. Estas razões são mais do que suficientes para dar uma trégua ao musgo e recuperar uma tradição bem portuguesa e bastante mais ecológica!

A searinha de Natal é um recipiente com cereais e sementes germinados, uma tradição algarvia e madeirense que podemos observar junto do presépio e nos altares das igrejas nesta altura do ano. Se quisermos seguir a tradição à risca, no dia 8 de dezembro começamos a preparar as searinhas de Natal, uma tarefa muito fácil. Basta colocar as sementes (grão-de-bico, centeio, milho, etc) num prato ou outro recipiente e todos os dias borrifar com água. No dia 6 de janeiro, dia de reis, transplantar os germinados para a terra. Esta tradição tinha como objetivo abençoar as colheitas do ano seguinte, garantindo o pão na mesa e terrenos férteis. Ainda conseguimos observar esta tradição em altares algarvios e madeirenses e, por ser ecológico e pedagógico, desafiamos todos os leitores a darem tréguas ao musgo e vida às sementes.

O cheirinho a canela aquece o ambiente e aconchega o estômago mas, normalmente, vem acompanhado de litros de óleo usado, que podem ser um verdadeiro problema ambiental se não forem devidamente reciclados. Neste sentido, deixamos duas sugestões bem cheirosas para reutilizar o óleo.

O Natal também cheira a velas e a nossa primeira proposta, digna de economia circular, é fazer velas aromatizadas com o óleo usado. Existem no mercado várias opções de kit para fazer velas a partir de óleo de cozinha usado.  Criar um bom ambiente com estas velas ecológicas vai ser bem fácil.

A nossa última sugestão é um sabonete ecológico, fácil de fazer e uma verdadeira descoberta científica. Para fazer este sabonete precisa apenas de 1 litro de óleo de cozinha usado e coado, 260 ml de água, 150g de soda caustica, 50ml de álcool, uma garrafa de plástico de 2l e equipamento de proteção individual. Toda a receita, bem como a explicação científica, está disponível no site dos Amigos da Montanha.

Vai ser um natal diferente, vamos reinventar-nos mais uma vez e pôr à prova a nossa resiliência. É nestas alturas que a criatividade ganha espaço e o céu é o limite. Podemos estar longe, mas vamos estar conectados e, juntos, superar esta pandemia e, claro, salvar o planeta!

Feliz Natal e um próspero ano novo!

Joana Soto

Bióloga dos Amigos da Montanha

Nota: os artigos publicados na secção opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores.

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