Sendo a transição ecológica um processo com vista a adoção de boas práticas que procuram impulsionar o desenvolvimento baseado na preservação ambiental e no combate às mudanças climáticas, este conceito tem um papel de grande relevância na educação.
Ao longo dos últimos tempos, são várias as medidas que a União Europeia (U.E.) está a estabelecer para superar os desafios ambientais atuais. O Pacto Ecológico Europeu, a Agenda 2030, o Objetivo 55 são alguns deles e ajudarão a Europa a tornar-se climaticamente neutra, ao impulsionar a economia através de tecnologias verdes, ao criar indústrias e transportes sustentáveis e ao reduzir a poluição.
Transformar os desafios climáticos e ambientais em oportunidades tornará a transição justa e inclusiva para todos. E é esse o caminho para a verdadeira transição ecológica.
Mas como é que entra a Educação Ambiental neste contexto?
De acordo com a UNICEF – Fundo das Nações Unidas para as Crianças, a educação sempre foi e continua a ser um agente transformador dentro da nossa sociedade. Ou seja, entende-se que, quando as pessoas têm acesso à informação e à ciência, são capazes de tomar decisões de forma mais clara e informada e conseguem discutir e gerar melhores soluções para os problemas vigentes.
No mês em que se celebra a Educação Ambiental (dia 26 de janeiro), é tempo de reforçar o seu papel enquanto ferramenta essencial em prol do desenvolvimento ambientalmente responsável e socialmente justo.
A Educação Ambiental pretende sensibilizarpara a ética e para a cidadania para que todos tomem consciência da influência dos seus atos sobre o ambiente, aprendendo, assim, a adotar uma postura ambientalmente responsável e socialmente justa, tendo presente o impacto das suas ações para as gerações futuras.
Além disso, a Educação Ambiental incentiva à produção e ao consumo responsável; explica a biodiversidade; ensina sobre a importância da energia e da água; proporciona à população uma maior sensibilidade e consciencialização quanto aos problemas ambientais; promove uma compreensão plena do ambiente como um sistema; aprofunda valores sociais e ecológicos e ajuda a conceber as respostas necessárias para resolver as principais problemáticas ambientais.
Quando se reflete sobre Educação Ambiental automaticamente se pensa na geração mais nova e isso não é de todo eticamente correto, pois esta é uma ferramenta transversal a todos – crianças, jovens e adultos.
Contudo, são os mais pequenos os principais formadores de opinião e são eles que vão tomar as decisões para o futuro.
A Educação Ambiental desperta os mais novos para os problemas ambientais e ajuda a compreender como se pode conservar reservas naturais e a não poluir o ambiente.
O objetivo é claro! Incentivar a conhecer o que implica o conceito de sustentabilidade associado a uma responsabilidade intergeracional e promover a reflexão sobre as causas das alterações climáticas, proteção da biodiversidade e proteção do território e da paisagem.
Assim, é pretendido que os mais novos aprendam a utilizar o conhecimento para interpretar e avaliar a realidade envolvente, para formular e debater argumentos e para sustentar posições e opções. Capacidades fundamentais para a participação ativa e tomada de decisões fundamentadas, numa sociedade democrática, face aos efeitos das atividades humanas sobre o ambiente.
E é, exatamente, sobre este mote que a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura declarou que a Educação Ambiental deve ser uma componente curricular até 2025. Esta foi uma das conclusões da Conferência Mundial Virtual, em 2021, em que mais de 80 ministros e vice-ministros, bem como 2,8 mil atores envolvidos na educação e no ambiente, comprometeram-se a adotar a Declaração de Berlim sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS).
Estratégia Nacional de Educação Ambiental: o papel dos agentes da mudança
No entanto, remetendo a anos anteriores, em 2017, foi aprovada a Estratégia Nacional de Educação Ambiental (ENEA), com o objetivo de estabelecer um compromisso efetivo e consolidado na construção de um paradigma sólido neste domínio.
O propósito é comum: todos participarem de forma colaborativa para a proteção ambiental em todas as dimensões da intervenção do ser humano.
Portanto, e de acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Educação Ambiental assume-se, desde os seus primeiros passos, como uma aprendizagem multidisciplinar ao longo da vida e um processo integrado em todas as formas de educação, incluindo os contextos laboral, económico e de consumo.
Esta articula-se com a democracia, os direitos humanos e a equidade e assume-se como processo inclusivo e participativo.
Desta forma, Portugal dispõe desta estratégia que assume três eixos temáticos: descarbonizar a sociedade; tornar a economia circular e valorizar o território.
Esta intervenção estratégica prevê uma cidadania plena e interveniente, capacitando crianças e jovens, mas também os agentes económicos e decisores para os novos desafios ambientais.
Para a implementação, a ENEA estabelece 16 medidas enquadradas por três objetivos estratégicos: a Educação Ambiental + Transversal; a Educação Ambiental + Aberta e Educação Ambiental + Participada.
É tempo de envolver cada vez mais a Europa em matérias de Educação e Ambiente promovendo e estabelecendo mais dinâmicas, sejam elas escolares ou empresariais, para que seja possível uma verdadeira transição ambientalmente responsável e socialmente justa.

Artigo desenvolvido no âmbito do projeto XQ – THE NEWS. Um projeto que explica o porquê das notícias aos jovens com a colaboração portuguesa da ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental. Artigo original publicado aqui.
Notas:
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