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Organizações pedem abertura urgente de candidaturas para apoiar agricultores que beneficiam a biodiversidade

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A não abertura de determinadas candidaturas para apoio a agricultores portugueses que adotam boas práticas favoráveis à proteção dos valores naturais, prejudica o setor e coloca em causa os objetivos ambientais da Política Agrícola Comum da União Europeia. Ao contrário do que estava previsto, o Ministério da Agricultura e Pescas ainda não abriu este ano os expectáveis avisos para que quem desenvolve boas práticas de proteção dos valores naturais e promoção da biodiversidade possa receber os apoios de carácter plurianual do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) para Portugal, no continente.

Para fazer face a esta problemática, 21 organizações pedem abertura urgente de candidaturas. Estão em causa apoios a agricultores, gestores ou proprietários, como planos zonais agroambientais, dirigidos a áreas classificadas (Áreas Protegidas, Rede Natura 2000), ou para proteção de espécies ameaçadas, incluindo grandes aves de rapina como a águia imperial-ibérica e o abutre-preto, e os dois maiores e mais ameaçados mamíferos carnívoros portugueses, o lince-ibérico e o lobo-ibérico. No caso desta última espécie, trata-se, por exemplo, do apoio aos criadores de gado para manutenção de cães de proteção de gado, com vista a minimizar os prejuízos que aquela espécie protegida pode causar à atividade pecuária.

É URGENTE A ABERTURA DE CANDIDATURAS PARA APOIAR A AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

A não abertura de avisos para estas candidaturas está a gerar consternação e surpresa junto dos potenciais beneficiários destas medidas. A situação é particularmente preocupante em áreas do país onde os agricultores/proprietários dependem destes apoios para conciliar a sua atividade económica com a proteção dos valores naturais nelas presentes. São áreas do país onde a proteção da natureza e da paisagem rural são aspetos fundamentais de desenvolvimento económico e social, e favorecem o turismo e a visitação, e a valorização da produção local.

A retirada destas medidas de apoio aos agricultores representa ainda um elemento de regressão face aos progressos esperados com estas intervenções, tanto ao nível do incentivo dos proprietários rurais, como na preservação de recursos naturais de que tanto a biodiversidade como a agricultura dependem e, assim, dos objetivos mais verdes da Política Agrícola Comum.

Tudo isto contribui para a descredibilização deste tipo de intervenções, e até da Política Agrícola Comum em geral, junto dos agricultores/proprietários, desmotivando a sua adesão às mesmas. Devido a dúvidas e constrangimentos vários verificados no ano passado, nomeadamente a publicação das normativas – pouco claras e muito próximo do prazo limite de candidaturas – os agricultores que aguardavam pelas candidaturas de 2024 para ter acesso a estes apoios vêem-se agora impedidos de aceder às ajudas a que têm direito, não sendo certo se, ou quando, estas medidas plurianuais vão estar novamente disponíveis.

Em carta dirigida à Autoridade de Gestão do PEPAC, sob a tutela do Ministério da Agricultura e Pescas, as organizações signatárias exortaram a que estes apoios plurianuais, dos domínios «C.1 — Gestão ambiental e climática» e «D.2 — Programas de ação em áreas sensíveis» do PEPAC 2023-2027, que ainda não esgotaram a respetiva dotação orçamental, sejam abertos com carácter de urgência, ainda com efeito em 2024.

Se assim não acontecer, os agricultores ficarão até ao final do período de programação com reduzidos apoios dirigidos à conciliação da atividade agrícola com a preservação de valores naturais, e falharemos, assim, a adequada implementação da Política Agrícola Comum em Portugal, conforme assumido pelo Governo português perante a União Europeia.

É urgente este apoio para tornar possível a proteção das espécies ameaçadas e para a manutenção do nosso património natural.