“Heliobolus bivari” e “Heliobolus crawfordi”. Estes são os nomes das duas novas espécies de lagarto descobertas no sul de Angola e, recentemente, apresentadas ao mundo. Esta foi uma descoberta de uma equipa de investigação internacional, liderada por Mariana Marques, estudante de doutoramento na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), colaboradora do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), e investigadora do CIBIO-InBIO/BIOPOLIS –Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da U.Porto, e por Luis Ceríaco, curador-chefe do MHNC-UP e também colaborador do CIBIO-InBIO.
As duas novas espécies pertencem ao género “Heliobolus”, um grupo de lagartos endémicos da África Subsaariana, característicos pelo padrão em forma de Y na região da nuca, com três visíveis e contínuas bandas amarelas, que contrastam, na coloração castanho-clara a alaranjada do dorso.
Ambas as espécies são endémicas do sul de Angola, mas surgem em zonas distintas. A Heliobolus bivari verifica-se apenas no sul da província do Namibe, em partes das províncias da Huíla e Cunene, enquanto a espécie Heliobolous crawfordi aparece em zonas mais montanhosas a norte das províncias do Namibe, Benguela, e Kwanza Sul.
CARACTERÍSTICAS DESTAS NOVAS ESPÉCIES DE LARGARTOS
De acordo com a investigação, os juvenis da espécie “Heliobolus crawfordi” apresentam uma cor muito distinta da dos adultos, imitando na perfeição a coloração de escaravelhos-bombardeiros do género “Anthia”. Para confundirem os predadores, deslocam-se com o dorso arqueado, para imitar ainda mais a aparência geral dos escaravelhos, tornando-se, assim, pouco apetecíveis a quem os vê como refeição.
As duas espécies foram descritas com base em métodos morfológicos, de coloração e filogenéticos. Diferem uma da outra pelo número e contacto entre escamas, pela presença ou ausência de marcas na margem posterior do olho; ou pela presença ou ausência de manchas amarelas na zona ventro-lateral.
Espécies que se juntam já à extensa lista para a ciência encontrada na última década, em Angola. Contudo, os investigadores acreditam que há mais espécies prestes a ser reveladas, pois existem descobertas em fase de estudo e publicação. Estudos como estes fazem a diferença para a promoção da biodiversidade e da sustentabilidade ambiental.