“Helosciadium milfontinum” é, assim, apelidada a nova espécie de planta descoberta, por um grupo de investigadores da Universidade de Évora (UÉ), no Sudoeste de Portugal. Esta planta endémica, rara e fortemente ameaçada, cresce em charcos temporários e encontra-se restringida a nível mundial a pequenas áreas da Costa Vicentina.
O estudo taxonómico – a ciência que explora, descreve, nomeia e classifica todos os organismos com o objetivo de organizar a diversidade biológica de exemplares preservados – foi desenvolvido pela UÉ e por botânicos da Universidade de Oviedo, Espanha, e permitiu, através de pequenas sequências de ADN, a distinção desta espécie.
Segundo os investigadores, esta nova espécie difere de outra previamente identificada, a Apium Repens, cuja área de distribuição é mais abrangente no território europeu. Este estudo, que analisou as características morfológicas e genéticas, inferiu, ainda, as relações evolutivas e de parentesco entre as diferentes espécies existentes.
CHARCOS TEMPORÁRIOS DA REGIÃO ALENTEJANA FORTEMENTE AMEAÇADOS
Esta espécie de planta foi alvo de alguns esforços de conservação quer nos charcos temporários, da região onde está localizada, quer, diretamente, na preservação da própria planta. Estas ações foram elaboradas através do projeto Recuperação de Valores Naturais – Habitats e Espécies de Zonas Húmidas Temporárias, desenvolvido pela UÉ, uma iniciativa do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, em parceria com o Fundo Ambiental.
Este feito contribuiu para a conservação de valores e recursos naturais, para a promoção e manutenção da biodiversidade, assim como para o restauro de habitats e para a valorização do território, com base nos sistemas e espécies autóctones.
Carla Pinto Cruz, Investigadora do MED – Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da UÉ refere que “ainda que estes charcos temporários da região alentejana estejam muito ameaçados do ponto de vista da sua conservação os mesmos apresentam um habitat único que alberga uma grande diversidade de organismos e onde a diversidade biológica vai sendo perdida à medida que cada espécie se extingue.”
A identificação desta espécie melhorou a classificação das plantas e contribuiu, de forma objetiva, para a base de dados de DNA Barcoding – Enciclopédia da Vida. Este tipo de ações de conservação são ferramentas essenciais para o conhecimento de novas espécies, valorizando, assim, a biodiversidade da Terra.
