Nanoplásticos comprometem água doce

nanoplásticos-comprometem-água-doce- poluicao-agua-rios-essencia-ambiente

Calcula-se que todos os anos entrem nos rios, de todo o mundo, entre 1.15 a 2.41 milhões de toneladas de nanoplásticos. Estas pequenas partículas de plástico ao infiltrarem-se na água prejudicam os ecossistemas, comprometendo a atividade dos fungos na água doce. Este foi o alerta dado por um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que analisaram cinco espécies de hifomicetes — fungos aquáticos que assumem o papel principal na decomposição das folhas. 

Este estudo, publicado na revista científica Fungal Ecology, centrou-se no processo de decomposição das folhas, considerado um indicador crucial para avaliar a função e a qualidade dos sistemas de água doce. Os nanoplásticos diminuem, consideravelmente, a capacidade dos fungos para decompor as folhas a concentrações de 1.6 mg/L, traduzindo-se em impactos desastrosos para os ecossistemas dos rios.  

OS RIOS SÃO UMA DAS MAIORES FONTES DE POLUIÇÃO

Segundo os investigadores, a produção de plástico, em todo o mundo, atinge os 8.300 milhões de toneladas. Contudo, se os padrões de consumo continuarem, prevê-se que até 2050, 12.000 milhões de sacos de plástico se acumule em aterros sanitários ou, diretamente, no meio ambiente. 

De acordo com um estudo desenvolvido pela The Ocean Cleanup, uma organização ambiental sem fins lucrativos, sediada na Holanda, cerca de mil rios são responsáveis por, aproximadamente, 80% da poluição dos oceanos. Os cotonetes, as garrafas de plástico, as beatas de cigarro e as embalagens de plástico são os elementos que mais poluem os oceanos, uma vez que se movem pelo caudal até chegarem ao mar. As águas residuais, o vento, a chuva e as inundações estão entre as principais causas para a chegada da poluição ao mar, pois arrastam entre 1.1 a 2.4 milhões de toneladas anuais de resíduos. 

ESFEROVITE:UM PLÁSTICO COM EFEITOS DEVASTADORES

Atualmente, o poliestireno, mais conhecido por esferovite, é um tipo de plástico muito utilizado, por ser bastante versátil. No entanto, quando descartado de forma errada este composto tende a quebrar-se, originando microplásticos que possuem uma capacidade de absorver compostos químicos tóxicos como: agrotóxicos, pesticidas e metais pesados, que estão presentesessencialmente, nos rios, nos lagos e nos oceanos. Este resíduo, por não ser biodegradável, contribui, significativamente, para a degradação constante dos sistemas aquáticos.  

Este estudo, financiado pelo projeto estratégico do MARE – Centro de Ciência do Mar e do Ambiente, aponta para a potencial importância da alta diversidade de fungos nas correntes de água doce.  É, assim, fundamental proceder à implementação de ações de sensibilização ambiental para mitigar estes efeitos nocivos nas nossas reservas naturais.