Na era do desenvolvimento sustentável, em que as organizações internacionais definem estratégias, agendas, metas e objetivos como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, o Acordo de Paris, a Nova Agenda Urbana ou o novo Green Deal, cabe cada vez mais às cidades o papel de implementar ações e medidas que contribuam para tais compromissos e que envolvam mais as comunidades, através da cooperação multilateral e do trabalho em rede ao nível internacional, transnacional e intergovernamental. O livro “A missão das cidades no combate às alterações climáticas” traz, assim, uma reflexão sobre a importância da governança multinível para o êxito da saúde planetária. A obra, de autoria de Jorge Cristino, apresenta, por um lado, uma componente técnico-científica e, por outro, uma componente mais prática e de senso comum, estruturando-se em três dimensões: as instituições (onde se inclui as cidades), os Estados e as organizações internacionais.
Para o autor, “foi ao vivenciar, em pormenor e em tempo real, os desafios, as adversidades e os obstáculos sentidos nas instituições, em aplicar e contribuir para atingir as metas definidas internacionalmente, que reconheci que é na relação entre o local e o global que pode estar a chave para podermos ser bem-sucedidos na aplicação das políticas ambientais”.
Ao longo de vários capítulos Jorge Cristino pretende contribuir para dar resposta ao repto inicial lançado no livro: “Que capacidade as cidades têm ao nível da governança global para contribuir para uma agenda de desenvolvimento mais sustentável no combate às alterações climáticas?”
Uma resposta que o Ministro do Ambiente, José Matos Fernandes, considera, no prefácio, muito pertinente uma vez que o livro desafia a repensarmos um compromisso comum, um contrato não só entre entidades, mas acima de tudo um contrato entro todos e as gerações futuras. “No livro de Jorge Cristino, encontramos as pistas certas para este novo conjunto de contratos, nos quais cada parte abdicará de uma parcela de arbitrariedade em prol do bem comum”. Opinião reforçada por Francisco Ferreira, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, investigador do CENSE e Presidente da Associação ZERO, que salienta no posfácio “a humanidade tem um conjunto de crises muito difíceis e globais a enfrentar, mas pode e deve, como o livro esclarece e orienta, fundamentar-se num novo olhar inspirado pela antecipação e pela firmeza em atuarmos para assegurar um melhor futuro comum, com melhor bem estar e qualidade de vida para todas e todos”.
“A missão das cidades no combate às alterações climáticas” aborda a problemática da crise climática centrada no papel das cidades na sua mitigação. A intervenção local para um mundo global é fundamental e, por muito longo que já possa ser considerado o caminho feito até aqui será suficiente? Sem dúvida, um excelente livro que desafia a uma reflexão que deve ser de todos.
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
Recorde-se que “o que estamos a fazer NÃO chega para combater as alterações climáticas”. De acordo com o estudo “AR6 Climate Change 2021: The Physical Science Basis”, desenvolvido pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), este é o último aviso dos cientistas sobre as alterações climáticas. A investigação alerta que é preciso tomar medidas urgentes e mudar de imediato os hábitos e os comportamentos a nível mundial”.