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Milhafre devolvido à natureza educa para a gestão integrada dos territórios rurais

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No passado dia 14 de abril, no âmbito das atividades integradas nas XXIX Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental promovidas pela ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental, a equipa da Essência do Ambiente teve a oportunidade de ver uma ave de rapina recuperada pelo CERVAS – Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, localizado em Gouveia, ser devolvida à natureza.

O CERVAS é uma estrutura do Parque Natural da Serra da Estrela, que tem como objetivos detetar e solucionar diversos problemas associados à conservação e a gestão das populações de animais selvagens e dos seus habitats.

Incluído na Rede Nacional de Recolha e Recuperação de Animais Selvagens, da qual fazem parte cerca de uma dezena de centros de recuperação, e cuja entidade gestora é o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), este Centro desempenha um papel importante na receção e tratamento de animais selvagens que são encontrados feridos ou debilitados para posterior devolução à natureza, sempre que possível no local onde foram encontrados. Para além disso, desenvolve um trabalho significativo ao nível da educação ambiental e da sensibilização da população, principalmente das gerações mais novas, para a conservação da Natureza, fomentando assim o interesse para a preservação e conservação do património natural de Portugal.

A ação levou os participantes ao contacto com a realidade de trabalho do Centro, desenvolvido pelos cinco colaboradores, mas, também, pelos voluntários e investigadores que o visitam. Ricardo Brandão, Coordenador e Médico Veterinário no Centro de Ecologia de Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, foi o responsável pela dinamização da atividade, que deu a conhecer as várias instalações do Centro, pelas quais passam os animais durante as fases de recuperação, e, ainda, os projetos em desenvolvimento.

No início da atividade, o Coordenador do Centro salientou que na vertente de educação ambiental, apenas é usado material biológico, deixando a presença dos animais para os momentos de visualização da devolução dos mesmos à natureza, que se alinha com o propósito final da atividade dinamizada.

O QUE DEVEMOS FAZER QUANDO ENCONTRAMOS UM ANIMAL QUE NECESSITA DE CUIDADOS?

Os participantes, durante a iniciativa, foram sensibilizados para como devem proceder quando encontrarem um animal que necessita de cuidados. Para além de exemplificar como transportar o animal em segurança, o Coordenador do CERVAS explicou que o mesmo não deverá ser levado para casa, sendo que o melhor para o seu bem-estar é que não fique mais tempo do que o necessário com um particular. Deverá ser entregue ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, às equipas urbanas do ambiente da PSP, ou ser deixado numa área protegida, entregando-o às entidades responsáveis, que o encaminharão para o centro de recuperação mais próximo, sendo o caso do animal devolvido à natureza no final da atividade.

Sobre as ameaças e causas mais comuns da entrada dos animais para recuperação no CERVAS foram referidos o atropelamento, a electrocução, em crescimento, os ferimentos por tiros, não só associada a caça, mas também à perseguição das aves de rapina, pelo setor de produção de frango de campo e também pelo setor columbófilo, atualmente em declínio, a colisão com estruturas, os cativeiros ilegais, com a captura através de armadilhas, os laços usados para caça, principalmente do javali e, em menor proporção os fatores naturais, como doenças.

Após os animais se encontrarem independentes de medicação e de cuidados veterinários, são transferidos para uma zona de socialização com outros animais, no exterior do Centro.

O animal devolvido à natureza sob as mãos de duas participantes no final da atividade, durante a qual foi batizado de Maurício, era um Milhafre Preto, uma ave de rapina diurna, que chegou de África em março, e que teve um acidente na zona de Santa Comba Dão. Entregue ao Centro pelo SEPNA da localidade, sem grandes lesões, apenas descoordenado, esteve em recuperação por um período de 10 dias.

Esta atividade representou um momento que exaltou a importância da proteção da vida selvagem, reforçando o facto de o património natural surgir, cada vez mais, como um ativo de alta importância para os territórios do interior.