Procurar
Close this search box.
Procurar
Os mais lidos

Foram encontrados microplásticos em pinguins na Antártida

microplasticos-pinguins-essencia-do-ambiente

O estudo “Microplastics and other anthropogenic particle in Antarctica: Using penguins as biological samplers” relevou a presença de microplásticos em pinguins na Antártida. Os investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra – FCTUC utilizaram amostras de fezes de três espécies de pinguins: pinguim adelie – Pygoscelis adeliae, pinguim de barbicha – Pygoscelis antarcticus e pinguim gentoo – Pygoscelis papua, recolhidas entre 2006 e 2016, para chegarem a esta conclusão.

Joana Fragão, autora principal do estudo e investigadora do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente – MARE, salienta que “o mais impressionante dos resultados foi verificar que os microplásticos estavam presentes na dieta das três espécies de pinguins, em vários locais e nos vários anos do estudo, o que demonstra que estas partículas se encontram já bem difundidas no ecossistema marinho Antártico”.

As análises realizadas permitiram verificar a presença generalizada de microplásticos em todas as espécies e colónias. Além das partículas de plástico, foram encontradas em quantidades semelhantes outras partículas processadas que, apesar de serem de origem natural, são produzidas artificialmente e podem ter compostos, como tintas, podendo persistir no ambiente.

MICROPLÁSTICO BEM DIFUNDIDO NA ANTÁRTIDA

Agora que sabemos que várias espécies de pinguins de regiões remotas como a Antártida ingerem microplásticos, mas que não existe um foco específico para a origem destas partículas, o próximo passo é também avaliar os efeitos destas partículas nestes ambientes”, refere Filipa Bessa, coautora do estudo e especialista em poluição por microplásticos da UC.

Neste estudo participaram também investigadores da Universidade de Nova de Lisboa, do Museo Nacional de Ciencias Naturales, de Espanha, e do British Antarctic Survey, do Reino Unido.

Os resultados obtidos, sublinha José Xavier, autor sénior do artigo científico, “vão certamente ser muito úteis para abrir novas áreas de investigação nesta temática e avançar com políticas para reduzir o impacto da poluição por plásticos no Oceano Antártico no contexto do Tratado da Antártida”.

Por fim, a investigação conclui que são precisos mais estudos para se perceber melhor a dinâmica espaço-temporal, destino e efeito dos microplásticos nesses ecossistemas, de forma a ser possível controlar a contaminação por plásticos na Antártida.