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Mais de 1,2 milhões de portugueses vivem em situação de pobreza energética

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Estima-se que mais de 34 milhões de pessoas em toda a União Europeia vivam em diferentes níveis de pobreza energética. Flagelo que assume uma grande expressão em Portugal. De acordo com estimativas avançadas pela Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2021-2050, entre 1,2 e 2,3 milhões de portugueses vivem em situação de pobreza energética moderada e entre 660 e 740 mil pessoas encontram-se numa situação de pobreza energética extrema.

Os baixos rendimentos, edifícios e equipamentos pouco eficientes, custos elevados de energia e baixa literacia energética são alguns dos fatores que contribuem para este fenómeno que não pode ser captado por um único indicador, mas antes por um conjunto de aspetos que no seu todo permitem caracterizar esta face menos exposta da pobreza.

PORTUGAL É UM DOS PIORES PAÍSES A NÍVEL DE POBREZA ENERGÉTICA

Para perceber em que nível está Portugal, a Lisboa E-Nova, a Agência de Energia e Ambiente de Lisboa e a AdEPorto –  Agência de Energia do Porto elaboraram um inquérito focado no estudo da pobreza energética.

O conforto térmico, a fatura energética, os impactos na saúde e a literacia energética foram as dimensões em que se centrou o inquérito, o que permitiu concluir que Portugal é um dos piores países europeus ao nível da pobreza energética, sendo que há pelo menos 660 mil portugueses a viver em situação de pobreza energética severa.

Na área geográfica do Porto participaram cerca de 1201 pessoas, acima dos 24 anos de idade, e o inquérito revelou que cerca de 40% dos participantes residentes no Porto admite desconforto em relação à temperatura em casa durante o inverno, enquanto 23% dos respondentes diz-se igualmente desagradado com a temperatura em casa durante o verão.

No que diz respeito ao pagamento de faturas de energia, 15% dos participantes residentes no Porto admitiu que já se atrasou no pagamento destes serviços. Já o impacto do desconforto térmico (excesso de frio e calor sentidos em casa) na saúde é assumido por 49% dos participantes residentes no Porto.

E, ainda, cerca de 29% dos participantes residentes no Porto revela que não se sente informado acerca dos temas da energia e conforto térmico e cerca de 51% dos participantes afirma desconhecer a existência de fundos relacionados com eficiência energética nas habitações. Estes números apoiam a necessidade da existência de espaços de apoio aos cidadãos na matéria de energia, considerada uma ação relevante por parte de cerca de 77% dos participantes do Porto.

Na área geográfica de Lisboa participaram cerca de 1508 pessoas, acima dos 24 anos de idade. 40% dos participantes também admite desconforto em relação à temperatura em casa durante o inverno, enquanto 32% dos respondentes diz-se igualmente desagradado com a temperatura em casa durante o verão.

Quanto ao pagamento de faturas de energia, 14% dos participantes residentes em Lisboa admitiu que já se atrasou no pagamento destes serviços. Em relação ao impacto do desconforto térmico (excesso de frio e calor sentidos em casa) na saúde é assumido por 54% dos participantes residentes em Lisboa.

E cerca de 22% dos participantes residentes em Lisboa revela que não se sente informado acerca dos temas da energia e conforto térmico, e cerca de 52% dos participantes afirma desconhecer a existência de fundos relacionados com eficiência energética nas habitações. Estes números apoiam a necessidade da existência de espaços de apoio aos cidadãos na matéria de energia, considerada uma ação relevante por parte de mais de 80% dos participantes em Lisboa.

Através desta iniciativa, pioneira de ambas as Agências de Energia, pretenderam consolidar uma abordagem sistemática bianual, que captasse as situações de inverno e de verão, e que pudesse futuramente englobar outras Agências na produção de dados que contribuam para o combate à pobreza energética a nível nacional.