Debater o futuro das embalagens, numa partilha de experiência e conhecimento dos diversos agentes da cadeia de valor do setor da reciclagem, de forma a encontrar sinergias e estratégias que otimizem a reciclabilidade dos resíduos existentes no mercado, foi o grande objetivo do evento “Eco Embalagens – Unboxing The Future”, promovido pela Sociedade Ponto Verde (SPV).
Com as ambiciosas metas da reciclagem e a urgência do planeta por mais sustentabilidade, empresas embaladoras, empresas de gestão de resíduos recicladores e reguladores, partilharam a sua visão sobre as embalagens do futuro.
O evento contou com a participação de Inês dos Santos Costa, Secretária de Estado do Ambiente, António Costa e Silva, Professor do Instituto Superior Técnico, Plácido Albuquerque, Diretor de Economia Circular Portugal, da Mercadona, Paulo Serra, Regional Director West da Iberia Saica Natur, Beatriz Guimarães, Sustainability Leader & PMO da Nestlé, Filipa Pantaleão, Direção Técnica da EGF – Environmental Global Facilities, Cristina Carrola, Vogal do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente, Joana Mendonça, Presidente do Conselho de Administração da ANI – Agência Nacional de Inovação, Manuel Tânger, Head of Open Innovation da Beta-i, Fernando Leite, Administrador-Delegado da Lipor, Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde e António Nogueira Leite, Presidente do Conselho de Administração da Sociedade Ponto Verde.
UM EVENTO QUE LEVOU À REFLEXÃO AMBIENTAL
Reunir cada agente de mudança para ser possível moldar o futuro é o que nos vai permitir avaliar o que será do planeta daqui a alguns anos. Nesse sentido, António Costa e Silva começou por lançar uma questão que levou à reflexão sobre a urgência de se acelerar a economia circular: “Do que nos serve uma economia se não conseguirmos respirar?”. Segundo o Professor, “para acelerarmos a transição para a economia circular, temos de mudar o nosso paradigma mental, através da sensibilização da sociedade para a importância da reciclagem, da ciência dos materiais, da inovação e digitalização dos processos e, essencialmente, da promoção do consumo responsável e inteligente”.
No “Ciclo da Embalagem 360º” os oradores convidados – Plácido Albuquerque, Paulo Serra, Beatriz Guimarães, Filipa Pantaleão, Cristina Carrola e Joana Mendonça – foram unânimes ao concordar com a crescente necessidade de dar incentivos às microempresas e às PME’s para fazerem face aos desafios acrescidos criados pelas novas diretrizes e regulamentação, nacional e europeia, de modo a sustentar projetos inovadores e disruptivos centrados na economia circular.
Já “As Embalagens do Futuro”, discutidas na mesa-redonda, por Manuel Tânger e Fernando Leite, foram analisadas pela necessidade de investir no processo de rastreabilidade “embalagem a embalagem” para a obtenção de informação detalhada sobre o seu ciclo de vida.
Mas a importância da Educação Ambiental e a comunicação existente nesta matéria não ficou esquecida. Assim, nesta mesa redonda foi destacada a relevância de se investir em ecodesign, em bioeconomia e noutras metodologias inovadoras que permitam contribuir para a simplificação das embalagens, tornando-as mais fáceis de reciclar.
CONCLUSÕES SOBRE O FUTURO DAS EMBALAGENS
Inês dos Santos Costa, Secretária de Estado do Ambiente, referiu que “o futuro das embalagens passa pelo desenvolvimento de soluções partilhadas entre os diferentes intervenientes da cadeia de valor, bem como pela implementação de políticas públicas colaborativas, que penalizem as empresas que não cumpram as metas propostas para a redução de embalagens”.
A mesma salientou que “inovar com sentido e direção, apostando na sensibilização, mas também numa estratégia de circularidade sistémica capaz de influenciar o design das embalagens e evoluir em matéria de cluster, potenciando uma maior aproximação com os consumidores e trazendo para território nacional inovações otimizadas através dos mercados externos” faz parte da estratégia apontada para o futuro deste setor.
Para finalizar o evento, de forma a apelar à consciencialização e reflexão ambiental, Ana Trigo Morais, CEO da SPV, reforçou a ideia de que Portugal conseguirá evoluir para uma economia circular, contudo terá de haver um esforço conjunto entre diversas entidades para que exista uma inovação partilhada e mais rápida, tendo assim ganhos. A mesma remata que “apenas existindo este envolvimento e motivação por parte das empresas para fazer mais e melhor, conseguiremos encontrar estratégias e soluções inovadoras para responder aos desafios existentes em matéria de ecodesign e reciclabilidade de embalagens”.
“Não estamos sozinhos. Em cada pensamento, ação ou decisão, sabemos que haverá impactos e consequências. Podemos ir sozinhos para irmos mais rápido, mas se queremos ir longe…temos mesmo de ir juntos” é a grande conclusão do evento que desafiou a refletirmos se realmente caminhamos num sentido certo e ambientalmente responsável, rumo a um planeta mais verde, equilibrado e ecológico.