O tubarão-azul (Prionace glauca) desempenha um papel fundamental na estabilidade e saúde dos ecossistemas marinhos. No entanto, esta espécie, uma das mais capturadas a nível mundial, enfrenta pressões significativas devido à pesca comercial. Em 2019, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) classificou-a como “Quase Ameaçada”, e, em Portugal, é frequentemente capturada pela frota do palangre de superfície, uma técnica de pesca dirigida ao atum e ao espadarte.
Um estudo recente do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente analisou os padrões de comportamento do tubarão-azul e os efeitos do ruído de embarcações nesta espécie. Para tal, os investigadores recorreram a sistemas de câmaras remotas com isco, instalados ao largo da costa do Parque Natural da Arrábida, permitindo uma observação detalhada em meio natural.
COMPORTAMNETO DO TUBARÃO AZUL
A investigação, conduzida no âmbito da tese de doutoramento da investigadora Noélia Ríos, inserida no projeto INFORBIOMARES e publicada na revista Marine Ecology Progress Series, registou o comportamento de 79 tubarões. Os dados revelaram diferenças significativas entre juvenis e adultos, influenciadas pela estação do ano e pela proximidade à costa.
Os juvenis foram avistados com maior frequência em águas menos profundas durante a primavera, coincidindo com a época de reprodução da espécie. Este padrão reforça a importância da área ao largo do Parque Natural da Arrábida, especialmente na zona do canhão de Lisboa, como um possível berçário para o tubarão-azul. Perante estes resultados, os investigadores defendem a necessidade de preservar os canhões submarinos, reconhecendo-os como áreas prioritárias para a conservação marinha.
O estudo demonstrou ainda que a presença de ruído de embarcações provocou alterações no comportamento dos tubarões-azuis, sugerindo um possível impacto na sua eficiência na procura e captura de alimento. Estes resultados abrem caminho para novas investigações que possam confirmar e aprofundar a compreensão.
