Foi encontrado um dente de elefante na foz do rio Mira, por um mariscador, em Vila Nova de Milfontes. Este acontecimento surpreendente deu origem a um estudo publicado na revista Scientific Reports e enquadra-se no projeto de investigação do CPGP – Centro Português de Geo-História e Pré-História e da Câmara Municipal de Odemira denominado “Registo Paleontológico dos Últimos Elefantes do Continente Europeu”.
De acordo com os investigadores do estudo em questão, a análise ao dente detetou diversas características morfológicas e genéticas muito similares com os dentes molares de uma espécie que habitou na Península Ibérica há cerca de 30 mil anos. Contudo, através da datação por carbono-14 os cientistas depressa concluíram que se trata de um dente com origem no Oeste de África, com cerca de 230 anos, embora tenham achado, numa primeira instância, que poderia ser bem mais antigo.
DENTE DE ELEFANTE COM ORIGEM AFRICANA
Com o objetivo de projetar o trajeto de migrações, foi, ainda, desenvolvido um trabalho de investigação que possibilitou a descoberta das origens africanas do dente e o seu percurso até ser encontrado nas margens do rio Mira, no Sudoeste de Portugal.
O estudo constatou que o marfim descoberto é um exemplo de que os animais exóticos, como os elefantes, desempenharam um papel importante em muitos aspetos da cultura europeia do início do século XVIII, como fornecedores de matéria-prima e de recursos socioeconómicos e simbólicos.
Segundo os investigadores, este estudo permitiu fornecer insights para uma interação dinâmica entre as culturas por meio de atividades comerciais e de negociação.
É, desta forma, determinante a análise destas descobertas para possibilitar a monitorização da biodiversidade a longo prazo e em larga escala por todo o mundo. Estudos como este são exemplos de grande impacto na proteção do Planeta e sua consequente diversidade animal.
