Refletir e debater sobre os desafios ambientais das empresas e da educação e sensibilização para um mundo mais sustentável foi o desafio lançado na conferência “Serei Mesmo Verde? Uma Reflexão Empresarial e Social”. A iniciativa comemorativa do primeiro aniversário da Essência do Ambiente, decorreu no dia 9 de junho e foi transmitida via live streaming.
De diferentes áreas de atuação, os oradores partilharam o seu conhecimento e experiência, mas com um sentimento comum: a construção de um futuro mais sustentável depende de todos. E só com a partilha de boas práticas, dúvidas e ideias conseguimos criar um maior sentimento de pertença e de coresponsabilidade na construção desse futuro.
Na abertura do evento, Isabel Martins, Diretora-Geral da Essência – Comunicação Completa destacou a importância do envolvimento das empresas na construção de uma sociedade transversalmente mais sustentável. “A Essência do Ambiente é a materialização da responsabilidade social da Essência – Comunicação Completa. Completamos 12 anos em novembro próximo e desde a nossa fundação que definimos a responsabilidade social como uma missão. Como uma estratégia de ação.”
A partilha de conhecimentos começou com uma reflexão sobre “o papel da floresta na economia verde”. O Presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal – AIMMP, Vítor Poças, considera que “o tema da sustentabilidade ambiental chegou tarde, mas ainda vem muito a tempo de salvarmos o nosso planeta”, alertando para o facto das empresas serem a resposta para responder aos desafios provocados pelas alterações climáticas e não fazerem apenas parte dela. Sobre o setor que representa reforça a importância das “florestas e da madeira como recursos e ferramentas essenciais para responder aos desafios que as alterações climáticas nos estão a colocar”. Pois acredita que “uma grande parte da resposta está na floresta e nos produtos de sua base”.
Seguiu-se a intervenção do CEO da ad quadratum arquitectos, José António Lopes, que abordou os desafios da Economia Circular no desenvolvimento territorial. Uma reflexão que enquadrou a Economia Circular e a Sustentabilidade na ótica das políticas públicas que devem ser tomadas, demonstrando a importância de fazermos essa transição e abandonarmos de vez os princípios e as práticas que podem conduzir a uma Economia Linear. Para José António Lopes, as Entidades Públicas, enquanto agentes âncora devem “assumir um papel principal no ecossistema territorial, equilibrando urbanidade e ruralidade, enquanto protagonistas na conceção e exploração de novas formas de atuação, produção e comercialização e otimização da cadeia de valor dos produtos e serviços, assegurando assim a sustentabilidade dos recursos”. Deixou ainda o alerta de que é necessário “empoderar os municípios como unidades territoriais capazes de tomar em suas mãos e transformar o seu desenvolvimento urbano, orientado para as prioridades do bem-comum” porque “conjugar objetivos e metas ambientais, sociais e económicas é urgente e indispensável”.
Já o COO da Tipografia Lessa, Joaquim Santos Silva, falou-nos do papel das empresas no uso consciente dos recursos naturais, demonstrando que protegê-los deve fazer parte das medidas que são tomadas no âmbito da responsabilidade social e ambiental das empresas. “As empresas servem como local de sensibilização e formação dos seus colaboradores e paralelamente servem como o motor e promotor de boas práticas com os seus stakeholders”. Deixou ainda o desafio às empresas de colocarem constantemente questões que fazem a diferença na tomada de decisão. “Qual a origem das materiais primas que compramos? O que compro é ecologicamente responsável? Faço um bom uso desse bem? A minha produção está otimizada? No fim da produção o que acontece ao excedente?” são alguns desses exemplos.
A intervenção seguinte foi da responsabilidade da Project Officer no Center for Business Innovation da Porto Business School, Cátia Santana, que explicou o porquê da sustentabilidade ser a melhor solução de negócio, uma vez que as empresas que têm melhores resultados e que têm cada vez mais lucro são aquelas se comprometem com medidas sustentáveis. Deixando o alerta “o talento está a mover-se para empresas alinhadas com as questões da sustentabilidade, com a proteção de pessoas e a proteção do ambiente”. Também o consumidor “está mais consciente e atento às questões da sustentabilidade e isso influencia o seu processo de decisão”. É preciso apostar na inovação e investigação no caminho de uma economia mais sustentável e dar acesso ao capital inteligente a um custo mais reduzido.
Em destaque esteve, também, o Ecodesign. Salete Peixinho, Interior and Product Design na Associative Design refletiu sobre o papel importante do designer e das empresas nas várias fases de criação dos produtos e da sua responsabilidade para com o ambiente. “Desde o esboço temos a responsabilidade de pensar qual a repercussão da nossa criação. Temos a obrigação de desenhar para o ser humano, para o Planeta”. No final lançou uma questão dirigida às empresas que as desafia a repensarem a sua pegada ecológica, “de que forma um produto pode ser repensado para ser mais sustentável?”.
Já os Técnicos Superiores da DAIPO da LIPOR, Sara Fernandes e Vitor Pereira, trouxeram a sua experiência no que toca a eventos sustentáveis e ações de sensibilização, abordando a sua importância para a comunidade. Em destaque estiveram os projetos “Feira Limpa, Compras Com Gosto!” e o “serviço de recolha seletiva em festas e romarias”. Duas campanhas de sensibilização ambiental implementadas nos municípios Lipor.
No que diz respeito à gestão da água em Portugal, o Administrador da Plainwater Serviços SGPS e Presidente das Águas de Barcelos, Águas de Paços de Ferreira e Águas do Marco, Luís Vasconcellos, falou-nos do importante papel das concessionárias e da falta de informação que existe perante as mesmas, alertando ainda para a escassez da água. “Existem dois grandes problemas em Portugal: a estagnação do setor por motivos ideológicos e a desinformação do consumidor. Continua a esconder-se a verdade e a criar-se uma história de “bicho-papão” em torno das concessionárias”. Defendendo que a estratégia passa “pela localização dos grandes consumidores de água, porque não podemos permitir processos produtivos de grande consumo onde ela já é escassa, temos de incentivar o consumo de água reciclada, investir no tratamento de águas residuais e definir uma estratégia nacional para as lamas, quer das ETA´s quer das ETAR´s”. Deixando, assim, o alerta de que ainda há muito para fazer.
A pandemia Covid-19 obrigou a uma reformulação da forma como comunicamos e interagimos e a educação ambiental não foi exceção. Por isso, o Diretor de Comunicação da Águas de Barcelos, Diogo Navarro, abordou a sensibilização ambiental e os desafios e oportunidades do digital neste processo. Em destaque estiveram os projetos “Água Segura” que pretende promover o consumo de água da rede pública, combater a poluição da água e o desperdício de água, e o “Uso Sustentável da Água”, que pretende promover comportamentos assertivos em relação ao uso de água, nomeadamente o consumo de água rede pública de água, a utilização adequada da água da rede pública e saneamento, proteção dos recursos hídricos e combate ao desperdício de água. “Os modelos, tradicionalmente pensados para o presencial, tiveram de ser repensados e adaptados para o contexto digital, permitindo assim em 2021 recuperar os níveis de implementação dos projetos que em 2020, força do confinamento imprevisto, sofreram uma redução”.
Criar estratégia de marketing focadas em comportamentos e ações que garantam a sustentabilidade ambiental é um dos desafios das empresas. O Vice-Reitor da Universidade Portucalense, Carlos Brito, falou-nos do Marketing Verde e da importância das abordagens proativas neste processo. Alertando, “os consumidores que adotam um estilo de vida mais saudável e sustentável representam já 30% da população. E é um segmento com tendência crescente”. É, por isso, fundamental assentar a estratégia das marcas “no paradoxo da ação coletiva, na adoção de uma abordagem emotiva e na criação de uma tribo”.
Quase a terminar a manhã, o Presidente da ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental, Joaquim Ramos Pinto, refletiu sobre o futuro da educação ambiental. Acreditando que esta cria uma relação de proximidade, defende que “se nós conhecermos a realidade ambiental mais conseguimos valorizar. Conhecer para proteger”. Acredita também que “a participação social é fundamental na manutenção dos Ecossistemas e que o voluntariado ambiental é muito importante na sociedade”. Uma tendência crescente que vê com muita satisfação.
Acreditando que só através do esforço coletivo é possível alcançar um futuro mais sustentável ao nível social e ambiental, a Essência do Ambiente terminou o evento apresentado três projetos que juntam estas duas premissas: uma sociedade ambientalmente mais sustentável e socialmente mais equilibrada e que decidiram apadrinhar pelo seu elevado valor para a comunidade: o Artis naturae, um projeto de inovação social, promovido pelos amigos da montanha, que pretende ser uma escola viva da natureza, sem paredes, onde os espaços natural e urbano vão contribuir para o desenvolvimento holístico e para o sucesso escolar de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, o “Green Engineering – for a better tomorrow”, uma iniciativa da AEGIA – Associação de Engenharia e Gestão Industrial de Aveiro com o propósito de salientar, de uma forma inovadora, a importância das práticas sustentáveis e ecológicas, quer a nível pessoal quer empresarial, para a construção de um mundo equilibrado e as Mascotes da Essência do Ambiente – Híris e Eco – que vão, através de um projeto letivo integrado, ajudar os mais novos a entender os desafios do ambiente e da sustentabilidade, numa aventura que irá fazer (re)pensar o impacto das nossas ações no futuro do planeta.
Quem se inscreveu na conferência, terá ainda a oportunidade de rever a transmissão, acedendo com os códigos que recebeu no seu e-mail quando fez a confirmação da inscrição, na área reservada: www.essenciadoambiente.pt/conferencia-serei-mesmo-verde/area/ .
ESSÊNCIA DO AMBIENTE
A 5 de junho de 2020, Dia Mundial do Ambiente, nasceu a Essência do Ambiente, um blog dedicado aos temas do ambiente e da sustentabilidade com o objetivo de dar palco e voz a projetos e práticas sustentáveis, contribuindo para a consciencialização e para a mudança comportamental de crianças, jovens e adultos.
A sua missão é sensibilizar, pela divulgação de boas ações, e mostrar que Portugal está no caminho de uma Economia Circular e Sustentável, pese embora, muitas vezes, os projetos não são conhecidos, nem devidamente destacados junto da sociedade civil. Para tal, divulga boas práticas, alerta para os desafios ambientais, apoia a educação, apoia, através do programa de apadrinhamento, projetos que fazem a diferença e desafia à reflexão. Um projeto de assinatura Essência – Comunicação Completa que contou com o apoio da Zoom Out, da Cast Studio, da Plainwater Serviços SGPS, das Águas de Barcelos, Águas de Paços de Ferreira e Águas do Marco na promoção do evento.