Em todas as casas europeias existem equipamentos elétricos e eletrónicos fora de uso

electrao-residuos-reee-essencia-ambiente

Em cada casa europeia existem, em média, 74 pequenos equipamentos elétricos e eletrónicos, 13 dos quais estão fora de uso. A maior parte desses aparelhos continuam a funcionar, mas, simplesmente, não são utilizados. Só uma minoria, apenas quatro, estão mesmo avariados. Esta é a conclusão do estudo “WEEE Flows Toolkist Portugal 2022” do WEEE Forum – Associação Internacional que congrega várias entidades gestoras de equipamentos elétricos usados – , incluindo o Electrão, que pretende alertar para o problema que constitui a acumulação de equipamentos elétricos usados, um dos fluxos que regista maior crescimento a nível global.

O estudo baseou-se num inquérito realizado em seis países representativos da diversidade europeia: Portugal, Países Baixos, Itália, Roménia, Eslovénia e Reino Unido.

Uma estimativa da Organização das Nações Unidas indica que até ao final do ano terão sido geradas, globalmente, cerca de 24,5 milhões de toneladas de pequenos equipamentos elétricos, o equivalente a quatro vezes o peso da Pirâmide de Gizé, o que ilustra bem o grande desafio que representa a gestão deste tipo de resíduos elétricos de pequena dimensão.

QUAIS OS EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÓNICOS MAIS DESCARTADOS DE FORMA INCORRETA

As estimativas apontam para que estejam atualmente em utilização cerca de 16 mil milhões de telemóveis em todo o mundo. Cerca de 5,3 mil milhões serão transformados em resíduos até final do ano, mas só uma pequena parte será corretamente encaminhada para reciclagem.

Se fossem empilhados, um a um, a uma profundidade média de 9 milímetros, estes telemóveis poderiam subir a uma distância de 50 mil quilómetros – 120 vezes mais que a Estação Espacial Internacional.

Além dos telemóveis, outros pequenos aparelhos elétricos, como escovas de dentes elétricas, tostadeiras ou câmaras de filmar, entre outros, são muitas vezes descartados incorretamente.

Estes artigos representam cerca de 8% do total de resíduos de equipamentos elétricos colocados no contentor do lixo indiferenciado, que posteriormente são encaminhados para aterro ou incineração. Isto significa que se perdem muitos materiais raros que estão nesses equipamentos e que poderiam reaproveitados na conceção de novos produtos.

OS PORTUGUESES ACUMULAM MUITOS EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÓNICOS

Os telemóveis lideram o top 5 dos equipamentos elétricos que os portugueses acumulam em casa sem utilizar, de acordo com um estudo realizado pelo Electrão e que contribuiu, também, para a investigação europeia liderada pelo WEEE Forum.

Seguem-se os acessórios de informática, como ratos, teclados, câmaras ou microfones. Logo a seguir, os pequenos eletrodomésticos, como ventiladores, ferros de engomar, relógios ou adaptadores. E a fechar o top 5 são referenciados aparelhos como câmaras digitais de vídeo ou fotografia.

RAZÕES PARA OS PORTUGUESES ACUMULAREM EM CASA OS EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÓNICOS

O estudo aponta várias razões que levam os consumidores portugueses a guardar os equipamentos elétricos, mesmo quando já não são usados.

A esmagadora maioria, 52%, conserva os equipamentos porque acredita que poderá vir a utilizá-los num futuro próximo, sejam computadores mais antigos ou pequenos eletrodomésticos de cozinha.

Uma fatia mais pequena da população, 17%, pretende tentar vender esses equipamentos e, por isso, não tomou ainda a iniciativa de encaminhá-los para reciclagem.

Já 11% diz guardar os pequenos aparelhos elétricos, sejam portáteis ou brinquedos elétricos, por questões de apego, dado o valor sentimental que lhes associa. Cerca de 6% guarda esses equipamentos para utilizá-los em segunda habitação ou casa de férias e há ainda uma minoria, 5%, que mantém estes equipamentos elétricos a pensar em outras opções, por exemplo, no aluguer. 

Para Pedro Nazareth, CEO do Electrão, “a acumulação de equipamentos elétricos usados, em especial dos pequenos aparelhos, constituiu um problema porque muitos possuem componentes perigosos que precisam de ser descontaminados em unidades especializadas.” Salientando que “por outro lado, ao retirar estes pequenos aparelhos da gaveta e encaminhá-los para reciclagem, estamos a diminuir a necessidade de extração de matéria-prima para a produção de novos equipamentos, o que é crítico tendo em conta a escassez de matérias-primas”.

A maioria dos cidadãos que respondeu ao inquérito, 63%, garante que coloca os seus pequenos equipamentos elétricos em fim de vida em pontos oficiais de recolha. Só 10% admite que estes aparelhos têm como fim o lixo indiferenciado. Os restantes optam por outras soluções, como a reparação.

De acordo com o Electrão, estes números não estão espelhados nos resultados das recolhas de equipamentos elétricos a nível nacional, o que pode demonstrar que o cidadão tem intenção de reciclar, mas ainda não adquiriu o hábito de encaminhar efetivamente os resíduos para reciclagem. Desta forma, são precisos mais incentivos à população através de Educação e Comunicação Ambiental de forma a ser possível um futuro mais sustentável.