Procurar
Close this search box.
Procurar
Os mais lidos

A Carta da Terra – uma perspetiva integradora de trabalhar a Educação Ambiental

carta-terra-educacao-ambiental-essencia-ambiente

As problemáticas ambientais são cada vez mais, associados por um lado, ao desenvolvimento das sociedades modernas, e por outro às más práticas ambientais relacionadas com o comportamento humano. Ambas com um impacte(o) enorme no tripé da sustentabilidade (social, económica e ambiental), acentuada nos recursos naturais, por serem limitados e dificilmente renováveis, bem como na qualidade de vida do ser humano. A Carta da Terra, documento iniciado em 1992, organizada em 16 princípios agrupados em quatro tópicos, foi assumida pela Unesco no ano de 2000 no Palácio da Paz em Haia, Holanda, com a adesão de mais de 4.500 organizações de todo o mundo. Em 1992, os problemas ambientais já eram uma preocupação mundial, prevendo-se o seu agravamento e, alertando, para tal, a população para o seu crucial envolvimento sistémico em termos das problemáticas existentes, onde todos devemos ser dinamizadores de ações que protagonizem o respeito, a paz e a igualdade, esta última com um significado de equidade para que todos sejam incluídos. Todos nos esquecemos que existe apenas “Um Planeta, Uma Habitação” que reflete todos os comportamentos do ser humano.

Cada um de nós habita o Planeta com uma confiança plena do todo que Ele nos oferece, esquecendo-nos que cada um de nós transporta atitudes e comportamentos, materializados diariamente, que condicionam a qualidade desse todo.

 A nossa casa mãe está doente! Todos nós alimentamos diariamente a sua/nossa doença com as nossas escolhas e opções que não sejam ambientalmente responsáveis e socialmente justas, tentando tapar o sol com a peneira e acreditando que o inevitável é uma utopia. A ameaça dos ecossistemas reside na sua potencialidade em termos de oferta, mas também na sua contaminação, colocando em risco a nossa existência uma vez que todos dependemos deles. Começamos a ter pouco e ruim! Começamos a não ter por onde escolher, apesar das grandes prateleiras dos hipermercados nos tentarem passar uma informação diferente e errónea. É sobejamente notório que “Atualmente, o grau de degradação e de ameaças à vida, esclarecidos pela ciência, requerem que a mesma espécie que contribuiu para a degeneração de recursos que a vida utiliza para manter-se, e que está ela mesma ameaçada de extinção, contribua, efetiva e tempestivamente, para o processo de regeneração da vida” (Inojosa, 2022, p. 5). Atendendo a que o documento a Carta da Terra tem uma preocupação com o bem-estar mundial, associado à sustentabilidade no nosso Planeta Terra, considera-se ser um instrumento de educação que deveria ser explorado nas instituições educacionais, fazendo parte dos currículos desde os primeiros anos de escolaridade.  O sucesso da formação académica, pessoal e social tem inicio na infância, onde a literacia ambiental, reguladora das boas práticas ambientais, podem e devem fazer parte da formação integral de cada individuo. Tão importante como a mensagem aqui deixada, quando identificamos, escrevemos, palestramos sobre a importância da minimização das várias problemáticas ambientais, é também importante que coloquemos a mítica questão freudiana: qual é a sua responsabilidade na queixa/problema que apresenta?

“A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. […] Nossos desafios ambientais, económicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes” (Carta da Terra, 2000).

Olga Pinto dos Santos

ESECS – Politécnico de Leiria Portugal / LEIEA / CI&DEI/CICS.NOVA
Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA)

Nota: os artigos publicados na secção opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores