Procurar
Close this search box.
Procurar
Os mais lidos

Burel: mais do que um tecido, uma arte secular

burel-ecola-serra-da-estrela-essencia-ambiente

Foi no coração da Serra da Estrela que, no âmbito das XXIX Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental promovidas pela ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental, encontramos a Ecolã Portugal – a mais antiga unidade produtiva artesanal familiar certificada, de origem portuguesa, a produzir o famoso burel.

Para a marca “mais do que uma herança cultural, é uma tradição de família que atravessa três gerações desde 1925. Mais do que uma fábrica de tecidos, é uma empresa que zela pela qualidade e tradição, respeitando um saber fazer ancestral e promovendo um estilo de vida sustentável e natural”. “O fator humano é o elemento principal, a qualidade é o nosso compromisso. Transmitir a arte do nosso ofício às gerações futuras é o nosso objetivo” reforçam.

Na Ecolã acompanham todo o processo do ciclo da lá… desde a tosquia das ovelhas até aos acabamentos do produto final nada é deixado ao acaso. Em abril/maio começa a tosquia da lã. Um processo que garante a saúde da ovelha e que, feita no tempo certo, permite que a mesma volte a crescer a tempo do inverno. Este processo garante a extração de cerca de 6kg de lã por ovelha, mas apenas cerca de 3 kg são de lã fina.

Segue-se o processo de lavagem, atualmente, realizado numa ETAR para garantir a segurança sanitária. Neste processo, cerca de 40% do peso da lá perde-se para que seja garantida a pureza têxtil necessária.

Já na fábrica, o processo de fiação permite a transformação da lã em fio. De forma a garantir a qualidade artesanal do produto final, na Ecolã alia-se a modernidade à tradição. Os teares, atualizados pela última vez nos anos 60, garantem esta diferenciação. Dois dias e meio e 2 400 fios é o necessário para criar uma teia de burel. 

Na Ecolã cada peça é única. A sua confeção, toda manual, é cuidadosamente assegurada por uma única costureira que a trabalha do início ao fim. Dando preferência “à qualidade em detrimento da produção em massa. Acreditamos que o burel é diferenciador e que a lã tem tendência a tornar-se quase um produto exótico”.

Sedeada em Manteigas, atualmente, empregam 23 pessoas e produzem mais de 50 mil fios por ano. Os principais mercados alvo deste produto premium são o Japão e a Alemanha.

MAS O QUE TORNA O BUREL TÃO ESPECIAL?

“A autenticidade do Burel resulta de uma sequência de operações específicas no processo de fabrico. A lã, após ter sido tosquiada, lavada, fiada, urdida no órgão e tecida no tear, é pisada numa máquina designada por pisão, que bate e escalda a lã transformando o tecido (enxerga) em burel, tornando-o mais apertado, resistente e impermeável” salientam.

Longe da época em que o burel era exclusivamente usado para fabrico das capas dos pastores da Serra da Estrela, hoje a sua utilização é mais diversificada. Para além dos casacos e das mantas, podemos encontrar carteiras, mochilas, chinelos, ponchos e diversos produtos de moda. É, ainda, usado, por exemplo, para forrar salas de espetáculo, pelas suas propriedades acústicas e pode ser integrado em diversas peças de decoração pela sua beleza e conforto.

Durante toda a visita descobrimos saberes e tradições de um local que se deixou apaixonar por esta arte: “com muitos anos de experiência, partimos da tradição para a modernidade criando um património único, um projeto inesquecível, intemporal e orgulhosamente português”.