A limpeza da água, o transporte de oxigénio e de sedimento e a manutenção da biodiversidade estão em perigo devido ao elevado número de barragens ao longo do rio Douro. Também a qualidade da água das barragens está seriamente comprometida, de acordo com um estudo desenvolvido pela Rede Douro Vivo.
A Bacia Hidrográfica do Douro, a maior da Península Ibérica, foi alvo de estudo pelas suas 57 barragens no Douro e afluentes. Este projeto, liderado pelo GEOTA – Grupo de Ornamento do Território e Ambiente, em parceria com várias instituições científicas e ambientalistas, permitiu a análise dos impactos ambientais das barragens nos ecossistemas e na biodiversidade.
ESPÉCIES E HABITATS EM RISCO
Com o objetivo de caraterizar ecologicamente e funcionalmente as espécies ameaçadas, foram identificadas mais de 1.200 barreias que potencializam a deterioração da água e que colocam em risco algumas espécies selvagens.
As barragens estão a elevar o risco de extinção de espécies como o mexilhão-de-rio, a lampreia, o salmão e a enguia, afetando, desta forma, o habitat da águia-real e do lobo-ibérico. A fauna à beira rio é a vítima colateral da perda de conetividade causada pelas barreiras, que já fez extinguir o esturjão em Portugal.
PELO MENOS 25% DAS BARREIRAS SÃO OBSOLETAS OU ABANDONADAS
Segundo os investigadores, o rio fica impedido de cumprir os “serviços dos ecossistemas”, por causa das 57 grandes barragens. O GEOTA fez um levantamento das mais de 1000 barreiras existentes e concluiu que há pelo menos 25% obsoletas e ao abandono.
Este estudo identificou ainda 165 estruturas urgentes para remoção. As prioritárias são nos rios Tâmega, Coa, Arda e Tuela.
BARRAGENS COMO FONTE DE ENERGIA RENOVÁVEL
Apesar de serem as principais fontes de energia renovável, as barragens são consideradas, pelos investigadores, um meio insustentável.
Para fazer face a esta problemática, a Rede Douro Vivo vai propor uma série de medidas ao Estado para minimizar os impactos ambientais criados por estas estruturas. Contribuir para a preservação dos ecossistemas e para o bem-estar da comunidade é imprescindível.
As barreiras que atravessam as barragens resultam num grande impacto e risco severo à biodiversidade do rio. Menos animais, água de menor qualidade e menos areias nas praias são alguns dos exemplos que afetam diretamente a sustentabilidade ecológica e ambiental do rio Douro. É urgente a tomada de medidas de proteção e de recuperação, para que no futuro não haja insustentabilidade de energia hídrica.