Conscientes da importância de trazer as ONGAs – Organizações Não Governamentais de Ambiente para uma promoção ativa da Educação para o Desenvolvimento, a ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiente promoveu o segundo encontro do programa de Capacitação de ONGA-ENED, que antecedeu as XXIX Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental.
O objetivo é que “as ONGA, junto dos seus públicos-alvo, promovam uma educação global assente numa grande questão de interdependência e pensamento crítico” destaca Sara Carvalho, Presidente da Assembleia Geral da ASPEA. Salientando que “as ONGA estão motivadas, mas têm um grande desconhecimento do que é isto de olhar para o Sul Global na Educação Ambiental. É preciso explicar às pessoas de que forma os nossos comportamentos aqui (Norte Global) estão a afetar os países do Sul Global.”
Reforçando este propósito, para José Luís Monteiro da OIKOS mais do que “Educar para o Desenvolvimento é preciso Educação para uma Cidadania Global. Apelar para que se percebam as interdependências entre o Norte e o Sul e como as nossas ações contribuem para as injustiças ambientais e sociais existentes”. Para isso, é necessário “capacitar as ONGA para irem buscar, também, a parte social na Educação Ambiental. A maioria não está preparada para isso. Faltam competências temáticas, relações entre norte-sul, contactos e até mesmo um verdadeiro conhecimento da realidade do Sul Global”.
Salientado que o primeiro passo para resolver este problema é reconhecer que existe esse problema, José Luís Monteiro alerta que é urgente “deixarmos de olhar só à nossa volta. Temos de aliar o ambiente ao humano. É preciso mudar a forma de pensamento. A educação ambiental por si só não necessita de inputs do Sul, mas a educação para o desenvolvimento sim. É bidirecional, com uma grande relação de interdependência para ser eficaz. A intervenção da OIKOS é sempre assente ma comunidade. Um trabalho feito com as pessoas no local. É preciso investir nas pessoas locais para uma cogestão eficiente”. Rematando “a verdadeira Educação para uma Cidadania Global não é só resolver os problemas do Sul Global, mas trazer as problemáticas e dar-lhes visibilidade cá”.
CAPACITAÇÃO DAS ONGAs
O projeto iniciou em 2022 com um diagnóstico às ONGAs inscritas na ASPEA, estando selecionadas agora 15 associações para integrar esta capacitação.
Compreensão e consciencialização de dirigentes de ONGAs acerca da importância da Educação para o Desenvolvimento e do seu papel na operacionalização da ENED – Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento, compromisso por parte das ONGAs em desenvolver mais a componente da educação socioambiental e promover a formação de uma rede informal de ONGA ligada à ENED, através de um plano de ação são os três pilares base de projeto, que conta com o apoio técnico-científico da Associação OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento e o financiamento do Instituto Camões -Instituto da Cooperação e da Língua, no âmbito do Mecanismo de Apoio a Iniciativas ENED.
ESTRATÉGIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
A Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento (ENED) – Promoção da Cidadania Global tem como objetivo promover a cidadania global através de processos de aprendizagem e de sensibilização da sociedade portuguesa para as questões do desenvolvimento e cooperação. A Educação para o Desenvolvimento abrange as dimensões de Género, da Juventude, do Desenvolvimento Local, das Migrações e Interculturalidade e ambiental.
É, agora, fundamental perceber como a Educação Ambiental contribui para o desenvolvimento nos seus diferentes pilares, a partir de uma perspetiva de cidadania global e Educação para o Desenvolvimento.