A Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA) deslocou-se em missão até Moçambique para auxiliar o país anfitrião na preparação do evento “Congresso para 2023 – O VII Congresso Internacional de Educação Ambiental” dos países e comunidades de Língua Portuguesa e Galiza. Este decorrerá em Moçambique, mais concretamente no distrito de Matutuine, localizado a sul da Província de Maputo, no Centro Internacional de Conferências Joaquim Xissano, entre os dias 4 e 7 de julho de 2023.
OBJETIVOS DO EVENTO
O evento pretende fomentar o amplo debate no fórum promovido pela Rede Lusófona sobre o tema “A Educação Ambiental como ferramenta chave para a Sustentabilidade”, contribuindo para o fortalecimento da REDELUSO e da própria Educação Ambiental.
Antes de mais, o congresso quer fomentar as discussões sobre as escalas de transição dos modelos de vida. E neste contexto, a ASPEA defende que “é preciso ousar proposições que diminuam o excessivo consumismo e, simultaneamente, diminuam a pobreza extrema. É emergencial compreender que uma catástrofe natural será também uma catástrofe social, afetando mais os grupos em situação de vulnerabilidade. Há que se debater, assim, sobre as responsabilidades da pequena percentagem que se apropria indevidamente da natureza, prejudicando os grupos invisibilizados nas estatísticas de lucros das minorias”.
Em resumo da sua primeira missão a Moçambique, no âmbito da organização deste congresso, Joaquim Ramos Pinto, admite que “a Educação Ambiental (EA) não é uma solução para a crise socioambiental, mas terá que fazer parte da solução para que isso seja possível. O principal desafio da EA contemporânea é facilitar a transição social para uma cultura de sustentabilidade com especificidades locais e nacionais, mas com uma base comum globalizada. Uma crise socioambiental e irremediavelmente global e as alternativas também terão que ter, em sua diversidade, uma articulação global. A lusofonia é uma plataforma para esta articulação supranacional, para a construção de uma resposta global”.
Para estas discussões e reconstruções significativas, quatro eixos temáticos convidam para se complementar e ampliar cenários das possibilidades em Educação Ambiental:
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
Considerada como mola propulsora das políticas das Nações, o desenvolvimento ainda permanece como uma das prioridades nas sociedades. Contudo, há muito se discute as diferentes interpretações desenvolvimentistas, inclusive com abordagem ecológica, ambiental, verde ou descarbonizada. Com a advento da proposição da ONU, sobre os objetivos do desenvolvimento sustentável, cresce cada vez mais a necessidade de se pautar a educação ambiental nas proposições de desenvolvimento, concordando ou não com as proposições do milênio. É emergente pautar uma educação ambiental com cuidado ético, justiça e equidade que consigam diminuir o abismo social e aumentar a proteção ecológica.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA: NA ESCOLA E NA SOCIEDADE
A educação ainda se configura como um projeto para um futuro melhor, tanto em nível de aspiração pessoal como para aprender a viver nos limites biofísicos da Terra. Sem a necessidade de oferecer uma utilidade à educação, a escola tem lugar destacado no âmbito das esperanças de um horizonte justo, que consiga trazer projetos humanos intrinsecamente conectados à natureza. Entre estudos de formação e do cotidiano de aprendizagem, a escola também é local de construção da cidadania, tanto em seu âmbito interno como na sociedade global. Neste contexto, a educação ambiental escolarizada, comunitária, empresarial, difusa ou popular, tem a responsabilidade de contribuir com a formação da cidadania.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL, O ANTROPOCENO E O ENFRETAMENTO À CRISE CLIMÁTICA
Na atual proposta da nova era geológica, o Antropoceno, é responsabilidade da educação ambiental explicitar os colapsos climáticos que ameaçam a Terra, com os desastres cada vez mais frequentes e cada vez mais intensificados pela ação humana. Das predições alarmantes dos cientistas ao negacionismo que cresce a cada dia, será necessário um apelo emergente e eloquente para “mudar o sistema e não o clima”, por meio de intensos processos de formação, divulgação, pesquisas, estudos e meios de prevenção e enfrentamento contra as consequências dramáticas da queima global. É de igual responsabilidade considerar que mesmo frente ao caos, a educação ambiental possa permitir o nosso esperançar pela vida digna.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DIVERSIDADES: NATUREZA E CULTURA
A educação ambiental é política e requer os princípios de justiça, ética, coletivo e inclusão das diversidades e das diferentes identidades de grupos sociais diversos, como de gays, lésbicas, bissexuais, travestis, queer, assexuais e outros (LGBTQIA+); de todas as raças, grupos étnicos, comunidades tradicionais, ou povos da floresta, em especial aqueles grupos em situação de vulnerabilidade. Mas ultrapassando um contexto antropocêntrico, este eixo quer implicar a biodiversidade e os ambientes naturais. Queremos debater uma educação ambiental que expresse a importância de vidas e não vidas; de humanos e não humanos; e da possibilidade da coexistência frente aos desafios das violações de Direitos Humanos e da Terra.
A comissão organizadora, juntamente com todas as instituições e com os participantes de todos os grupos de trabalho, está a coordenar este espaço para proporcionar um cruzamento de trabalhos, ideias e atividades de campo da Educação Ambiental dos países, regiões e comunidades falantes da língua portuguesa.