A nova factsheet da ANP|WWF – “Da Nascente até à foz: a importância de restaurar os nossos rios” – apela ao governo, empresas e sociedade civil para que apostem no restauro fluvial e na saúde dos rios, o que passa não só pela remoção de barreiras fluviais obsoletas como também pela não construção de novas barragens sem antes fazer uma avaliação dos seus custos, benefícios e impactos ambientais.
Maria João Costa, Coordenadora de Água da ANP|WWF, afirma que “O restauro de ecossistemas de água doce acontece quando recuperamos ambientes aquáticos que foram degradados ou destruídos, com o objetivo de restabelecer a biodiversidade e as funções desses habitats. O restauro procura não apenas reparar ecossistemas degradados, mas também assegurar que estes se auto sustentem a longo prazo. Um ecossistema saudável e resiliente será capaz de sustentar a vida selvagem, assegurar um ciclo natural da água e fornecer benefícios contínuos para as pessoas”.
RESTAURO FLUVIAL: UM COMPROMISSO URGENTE PARA A SAÚDE DOS RIOS E BIODIVERSIDADE
Remover barreiras fluviais não é a única forma de restauro dos nossos rios. A ANP|WWF salienta ainda a importância de remover fontes de poluição, recuperar margens e habitats ribeirinhos e reintroduzir plantas e animais nativos.
“Para além de as espécies de água doce serem as que estão em maior declínio (a redução da biodiversidade de água doce atingiu os 83% desde 1970), a recém-aprovada Lei do Restauro da Natureza da UE exige que os Estados-Membros restaurem pelo menos 25.000 km de rios de curso natural na Europa até 2030. Não podemos continuar a ignorar a ciência. A prioridade do nosso governo deverá ser um restauro eficaz dos nossos rios”, reforça Maria João Costa.
Restaurar os rios e o ciclo da água que estes suportam implica deixar que os rios corram livremente, ou seja, assegurar a ligação natural entre troços de rio artificialmente separados, e ainda criar as condições naturais para que haja maior quantidade e qualidade de água para as pessoas.
Na factsheet são elencados os benefícios económicos, sociais e ecológicos do restauro fluvial, tais como benefícios para a saúde, uma vez que garante uma maior disponibilidade de água, tanto em qualidade como em quantidade; aumento da biodiversidade, porque melhora os habitats; mais nutrientes nos estuários e lezírias, melhorando a sustentabilidade dos solos e dos aquíferos e, consequentemente, a produtividade agrícola; e a mitigação dos impactos das secas e das cheias.
Desta forma, a nova factsheet da ANP|WWF sublinha a urgência de restaurar os rios portugueses para assegurar a saúde dos ecossistemas e os múltiplos benefícios que os rios saudáveis proporcionam.